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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O preconceito no mundo está morto

Ouvi dizer que as pessoas bonitas sempre tem maiores chances de conseguir algo na vida, também falaram que as brancas e as ricas, não apenas por serem ricas, mas sim por serem mais próximas de Deus como acreditavam antigamente, certamente estão com razão, acho que de nada mudou, nem com o tempo, os protestos e a dor. Ouvi falarem também que por mais que trabalhe, sua honestidade encarregará de engrandecer sua imagem e caráter, e disso nada mais. Disseram que o trabalho não lhe dá riqueza, apenas conforto, os homens de caráter não são milionários, a chaga da trapaça é vista mesmo que numa polegada de seus fios capilares.
Há pessoas talentosas no mundo? Alguns gênios quem sabe e outros tantos de embusteiros, sei que ainda não conheci ninguém famoso, e provável que não conheça. Uma pessoa normal, sem monumentos dedicados a mim, um regular cidadão, um anônimo, entre a valsa de rostos ambulantes e o mar de pedidos.
Não falo em primeira pessoa, ainda que quisesse, a vida de ninguém é importante de conhecer, cada um com a sua, e levantemos as sobrancelhas quando algum ou outro sujeito chegar e começar a contar sua vida, com o singelo olhar de esperança pedindo que dessem ouvidos. O X é um sujeito, um larápio quem sabe, tem quatro lados e uma bifurcação estranha em no meio de seu corpo. X, uma bela letra.
Conheces alguém que foi um grande frustrado devido a rejeição? Oh! Sim eu conheço, conheço muito deles, maior parte se foi e outro tanto minguou. O que? Não sabe o motivo? Uma frondosa e austera escola de música rejeitou-a, era negra e pobre, não é permitido que tenham êxito na vida, não deveria ter nem nascido. Ah sim! Ele foi o maior escritor, o que as pessoas dizem aí, mas não foi reconhecido pelas academias internacionais, também outro negro, jamais lhe caberia o lugar de um diplomata ou renome de estupendo escritor. É! Esse teve um pouco mais de sorte, mas se adequou, virou rei, mas só após se tornar branco, dissimulado na mídia como uma doença na pele, estudos e mais estudos para reverter o processo, mas infelizmente ficou branco, como a branca de neve, e ai sim teve o mérito de rei.
Achas mesmo que me preocupo com isso tudo? A maior probabilidade de eu me tornar um mero espírito que assombra seu pensamento, exímio sentimento, mas péssimo pensamento, não há chances, não entende os motivos dos quais tento lhe explicar, e só perderei ainda mais meu tempo, se trabalhar ao menos a quarta parte de um milênio, quem sabe receba um título.
Já soube o que passa pelas mentes mais perversas? Se soubesse realmente trataria de participar de seus atos imundos, assim como você, isso, não tente fingir que não sabe, não relute, o preconceito e a cobiça estão em você também, pode ser que tenha um rosto artístico e um coração dócil, mas não me enganarás, aposto que aquela quantia que vira com a morte de alguém lhe será muito conveniente, pare de gaguejar, eles não estão em nosso nível, a estirpe é secundaria, matar um a mais ou menos, não fará diferença, pare de se preocupar, aperte o gatilho!

- Marcos Leite

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pierrô arbóreo

                Saberia contemplar os olhos da noite senão estivesse perdidos em meus pensamentos mais profundos, comportando-me como um flerte juvenil, de minhas lembranças mais dóceis, humildemente reconheço a flor que me entregaste naquele domingo, ali conheci o sentimento do amor e do carinho. Jamais esquecerei, o sopro fresco desse sentimento em meu coração.
                Ainda em minhas permanentes doses de reflexões me embriago em suas frases, singelamente percorreram sobre meus ouvidos e brotaram os sonhos em minha mente, e hoje sei, que de tudo que sonhei, foi regado por ti. Comprometeria o final de uma valsa caso lhe encontrasse, permitindo a mim mesmo o gozo da dança.
                Imagino que esteja bem ai, mesmo que não tenha notícias, e mesmo que quisesse. Tragando um pouco de meus pensamentos, reconhecendo e sorrindo. Pularia mais bambolês entre os mares, para chegar de encontro com os seus, se colidissem, jorraria uma grande cascata de êxtase.
                O lamento do blues é o que ouço, para conformar com minha pequena condição de solitário, entre os lamaçais da dor da canção, sugo como uma árvore a forças da terra e supro meu peito delas, inutilmente, sem o carinho e o amor, penso que sou apenas uma árvore. Importunando as melodias com meus galhos e ferindo as letras com o horror de meu semblante.
                Um pierrô? Se fosse personificado no blues, seria apenas um pierrô, ou quem diria um corvo sozinho, negro e triste, com seu talento e majestade, inibido por seu odor, o odor da inveja nos olhares que me percorrem.
                Habito a imensidão de meu consciente, chegando até o grande vale com as hortaliças vistosas, sem o deserto e nem a maldade. Y, X, K, um fluído, injetado acerca que esqueça de meu passado, e siga em frente para o colosso da vida, e estribe de toda a dor.

              - Marcos Leite

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dias ocos na internet


Dias ocos é o que suponho de alguns que já me percorreram entre os vãos dos dedos, horas e minutos gastos com nada, infurnados na tolice ou mesmo em um dos sete pecados capitais. Tentamos nos justificar na maioria das vezes com motivos embasados, álibis favoraveis e algumas vezes mentiras descaradas.
Ludribriamos a nós mesmos quando eloquentemente suplicamos pelos descansos semanais e deles não fazemos nada, nem sequer aproveitamos os raios do sol e a condição de estar entre os amigos e a natureza. Prostrados em frente ao computador na maior quantidade possível de horas, até que volte sua rotina comum na segunda-feira.
Pegue um giz, pode ser um verde ou rosa, e risque numa lousa uma linha reta, mas tolere as ondulações e a falta de simetria natural de sua mente, imagine a sua história de vida e vai perceber que nos melhores anos de sua vida, apenas disperdiçou o tempo com coisas que jamais trarão algum beneficio e pelo que não pareça, tratará de minguar sua visão e seus pensamentos.
Rogo para que deixe de se acomodar tanto nas horas vagas, ainda que o cansaço lhe encontre, a noite é de uma imensidão de segundos de sono e descanso. Encontrar em seus próprios sonhos a qualidade de vida que quer, é como um sopro de sorte da vida, jogo minha última moeda na fonte e desejo que tenha mais dias felizes.
A população nunca esteve tão irada e estressada com tudo e todos, um pássaro que canta, ou um carro com volocidade brevemente reduzida do seu, quem sabe um minuto a mais de espera num caixa eletrônico, e a espera de um banco?!
A vida é um presente, que assim como a maior parte dos presentes, nunca estamos conformados ou satisfeitos, a boca pragueja o que o coração desdém. Assim que o agoureiro uivo da morte lhe encontrar, pode-ser que arrependa-se de sua constante preguiça e comodismo. Talvez urre de ódio ou mesmo de com os ombros para tudo isso.
 O prazer de sentir o ar novo da manha, andar de bicleta, correr e se exercitar nos dias de hoje é visto como atividades cult, para homens e mulheres cultos, que se preocupam com o corpo e a saúde, deveras criticado por ter soberba ou vaidade. Uma linha sinuosa de inveja quem sabe, partindo do egoísmo das pessoas e quem sabe da falta de cordialidade em que vemos cada vez mais nas ruas e lugares.
Não corrompo as letras para que suguem toda sua afinidade com a rede, e jamais julgo ou crio apologias contra o dócil ato de navegar. Apenas dissemino a consciência da ociosidade, sedentarismo e a chaga incurável da preguiça, talvez o que mais vemos por aí.
Seja feliz com sua vida, para que não te arrependas dos dias ocos na internet, aqueles que despendeu tanto de suas horas a troco de breves sorrisos inicialmente, seguidos da irritação de seus olhos e seu senso comum de humor e integridade.
Mire as estrelas e conte ao menos algumas durante a noite, quanto ao dia, se ainda não conheces o aroma da alvorada fresca entre as árvores, está certamente esvaecendo sua canção entre as nuvens opressoras, as feias e sem cor, apenas claras e mornas, assim como você.

- Marcos Leite 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Somália


Uma tarde quente, tão quente como uma parcela do sol sendo desbravada, os olhos e as costas doem com a pressão da terra e a atmosfera extremamente perturbadora. Ao redor apenas pó e pessoas, sujas e doentes.
          Somália, 14h:15min, um dia feroz como muitos outros, dobram nossas cabeças, a sede é intrinseca nesse local, assim como as chuvas tropicais no Brasil, ainda que pudesse clamar por um pouco menos de luz, a força do atrito entre o sol e a terra, frusta todas as expectativas de termos um dia ameno e um pouco mais favorável.
          É improvavel que as contribuições calem os nativos de seu sofrimento, não vejo mais nada do que pessoas quietas, tristes, e magras, extremamente magras, rostos cadavéricos e cada vez mais crianças desnutridas, já repudiei alguns trabalhos em minha vida, mas nunca poderei esquecer que se pudessem ao menos ter um, ajoelhariam-se e beijariam seus pés em agradecimento.
          Mulheres prostradas, em seus lenços desfiados e esburacados pelo tempo e pelo sofrimento, olham para o horizonte sem rumo, com a tristeza em seu peito, as lágrimas não saem mais, secaram, a quantidade de água é pouquissima para cada um, crianças pequeninas e recém-nascidas também nascem com o desafio de viver com menos de um copo d´agua por dia, enlodada ou turva pelo barro.
          È lastimavel o tempo que passam sem comida, não transmitiria esse estado vital nem mesmo para o mais vil ser na terra, é dorido observar as pessoas morrendo de calor, fome e doenças típicas da África. Organismos fracos e falta de ajuda.
          Pelos dias que se passam, alguns e outros veêm de seus países, fortes, saudáveis e vistosos, com lábios vermelhos como um botão de rosa, cabelos sedosos e corpo escultural, maior parte veêm para visitar e deixar migalhas de comida e dinheiro. Muitos também passam por aqui para promoção pessoal ou de sua pátria, ajudam e retratam em suas câmeras, mas ao abraçar da noite se estabelecem nos recintos mais luxuosos ou partem.
          A fome é dura, é um tormento constante, e com o passar do tempo leva  a loucura, o real e triste martírio mental. Mentes perdidas na ilusão, alguns dormem com esperança de que não acordem, e outros agonizam até que o tempo presenteie com sua ida. Um país flagelado, a população devastada e ceifada pela fome. Mas de um povo forte, que trata das maiores chagas da vida com cara limpa e erguidos de sua postura, humildes e corajosos, traçam suas linhas entre as doenças e a tristeza e não permitem que desapareçam.
          Assolados por conflitos vivem num caos que não se pode pensar o quanto tem ainda de vida, ou se gostariam realmente de viver. Em meio de tanta tirania e covardia, o que se espera é que a justiça seja feita.
          Troquei minha camisa pela primeira vez que cheguei aqui, ja há em média um mês que habito este território, mas ainda que imunda e asquerosa estivesse, trataria de uma vestimenta nova para outro que as suas já estão se rasgando de tão velhas ou a quem não tem uma peça de roupa sequer para ao menos alimentar um pouco de sua diginidade como pessoa e ser humano.
          Aqui sentado, a espera de meu voo, observo e baixo minha cabeça olhando para minhas mãos cruzadas e reflito nos olhares de esperança que tenho, pessoas desesperadas por um sorriso, por um pouco mais de água e também para um trabalho que edifique sua vida e familia. Ainda estou cabisbaixo pensando nos motivos de minha vinda à Africa, o continente exuberante e sombrio, com pessoas raras, batalhadoras e fortes.
          De meu bigode sai o suor salgado de um dia duro, meu chapéu de couro e o mormaço doado pelas nuvens exemplificam a atmosfera em que estou, mas no interior de minha alma estou caído e triste com toda essa tragédia e maldade da vida, peço aos céus que venha chuva, ao menos uma gota para germinar uma semente e que dela nasça uma enorme mangueira para que não lhes faltem o que comer.
          Sei que nada mudará se continuar com meus pés aqui parados, decidi, ainda que há pouco, vou deixar meus dotes e minha ilusão, viverei entre os elefantes e as zebras, e não me lembrarei jamais da sociedade fútil e imunda das cidades, quero trocar meus dias de tormento, pelo perigo das savanas, e atravessar meu espírito nessa terra.

- Marcos Leite

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Visita ao inferno

Entre os imundos percursos para a chegada dos umbrais do sofrimento, parti de minhas transgressões e atingi o ápice de minha consciência, o remorso desfigurado no horizonte, trato que é a mais comum visão do que poderia ver ali. Rapidamente tenho plena convicção que perecerei entre os charcos de horror, gritos estridentes e gemidos a inundarem meus ouvidos.
            Se ultrapassasse apenas um fio de luz por estas redondezas, conheceria o grande garbo da paz, deliberando um traço de justica para aqueles que se culpam por todas as tolices e estapafúrdias dos atos em vida. Acompanho cada momento, e estou a ponto de desabar em sofreguidão, permaneço na loucura de meus pensamentos, mensurando para que não tombem meu corpo aos dos prostrados.
            Estimo que nada seja claro, mas que todas as impressões que a tristeza de minha íris exala, cumpre difinitivamente uma pena adquirida. Rogo para que as nuvens estejam próximas e que ao menos delas cinjam meu horror com seus traços, a mim ainda que uma visita nesse periodo prematuro, não saberia se dela jorraria enxofre ou gafanhotos.
            Relutaria, caminhar entre os vales, já que representam uma tragédia, nunca vista por todos os viventes da terra, milhares de cabeças e árvores tortas, limitadas apenas ao calor e a escuridão, jamais atrelaria um nome a esse episódio macabro, mas permitiria uma conduta melhor a meu coração, caso fosse possível em estância.
            Haveria pedidos infindos de chances, caso pudessem escrever ou falar, de que o ranger dos dentes e a cólera permitissem proferir alguma palavra sequer, infurnados em seus próprios sentimentos, corrompidos pela ira, permanecerão para sempre nesse maritirio sem fim, até que o pavor trate de consumi-los para a eternidade.
            Gasto meus passos nesse plano onírico medonho, ai de mim se estivesse nele, minhas lágrimas secariam junto aos dos atormentados e trataria apenas de contar os segundos para que a maldade sobre mim cessasse. Mas encarrego de abrir meus ouvidos para o amor, e que dela dissipe todo esse maculado destino.
            Toco mais uma vez os cavalos da carruagem extirpando meu temor desse arbitrário lugar, deixando apenas em meu peito o sentimento de razão, medo e humildade, ainda que lúgubres pensamentos tornem a me encontrar, saberei então como fugir e avisar aos outros. Certamente tratarei de apoiar meus joelhos e cotovelos com maior frequência, a fim de ter maior comunhão.

- Marcos Leite

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Canteiros de sonhos

Extremamente cansado estaria se não pudesse permanecer breves momentos próximos a ti, se estivesse olhando o tempo como uma aquarela, daquelas que mudam de cor com o dissolver da água, a moldura realmente conta, são os traços de bondade talvez, o que julgo como bom para nós. Já pensou que a tela seria mais uma fotografia de nossa vida do que um simples quadro?
Caminhei muitas léguas para chegar até aqui, com o sol sobre minha cabeça e muita terra em meus sapatos, mas nada disso pode me ocultar o pensamento fixo em ti, ainda mais por saber que as águas desse ribeirão me leva para um lugar inefável de meu coração, respiro e penso nos acordes, pois do seu violão a minha canção vital germinou.
Sabe, ainda penso o porque de nós não estarmos próximos, é árduo imaginar o número de minutos jogados fora sem que pudesse te ouvir ou sorrir com você, mas você sabe que a gente sorri demais, e em ocasiões tão previsíveis que podemos considerar dois bobos na chuva, rindo-se de estarem molhados e com frio.
Tive um sonho em uma de minhas noites longas, aquelas que o céu é tão negro que podemos continuar no escuro mesmo que a luz de uma lamparina seja acesa, é como se um vulto de luz bruxuleasse no ar, um pouco mórbido, mas intrigante quando se esta perdido em pensamentos bons. Posso te contar, ainda que não soubesse como recebê-lo. Vim aqui apenas para lhe contar.
Havia uma grande porção de trigo no chão, talvez uma colheita, suponho que fossemos ajudantes, mas não como convencionalmente, tínhamos la nossas regalias, tinha frutas também para se comer quando quiser e nada de suor, o dia era como uma aquarela, assim como apresentei para você anteriormente, mas tinha muitas coisas estranhas no chão, não se brotava apenas o verde ou marrom, eram páginas e sonhos, alguns eram como bolhas de sabão e muitos outros como origamis, tinha a curiosidade de pega-los, mas não pude, fiquei o tempo todo cuidando deles, não posso simplesmente ser um ser vingativo em destruir os sonhos de uma pessoa.
Quanto aos origamis, posso dizer que são os pensamentos, sim, eles, mas alguns são pequenos e outros murchos, acho que tenho semeado pouco deles, se tivesse ao menos um pouco mais de inspiração, certamente germinaria com maior ímpeto. Não pude ver os seus, suas plantação e seu canteiro apenas você pode ver, eu bem que tenho curiosidade, mas a mim não cabe essa intromissão.
Vim apenas para lhe comunicar tais facetas, ainda que seu peito esteja triste, saiba que o resto da vida vai como todos estamos acostumados, com dificuldades, problemas, felicidades, vitorias e no fim o último suspiro, mas aproveito para desejar prosperidade em seu canteiro de sonhos e pensamentos, andamos precisados de pessoas assim, uma vez que tudo se moldou com a perda do entusiasmo nas pessoas. Trato apenas de inspirar, como uma bela rosa, que lhe apetece por ser bela, mas harmoniza sua vida por ser delicada e lhe apresentar novamente o amor.

- Marcos Leite

sábado, 18 de agosto de 2012

Dizem por aí...


Dizem por aí que estou de mal a pior.
As pessoas falam demais sobre todos os assuntos
Arguidos do poder da palavra
Sujeitando como as coisas deveriam ser

Dizem por aí que sou feio e azarado
Tentaria mais uma vez olhar para o lado
Assim que minhas sobrancelhas não levantassem
Compreendendo suas palavras confortantes.

Dizem por aí que devemos estar perfeitos como a sociedade manda.
Estou admirando a persistência
Que brotara nas pessoas
Diferindo-as do intelecto.

Dizem por aí que temos de ser revoltados com o governo,
Acerca de que ele mude
Embora, em nossas casas
Praguejemos e insultemos uns aos outros.

- Marcos Leite

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Inefável


holístico,
Desejo,
Amável,

Perverso,
Olhar,
Retumbante,

Desapego,
Engajado,
Descrente.

- Marcos Leite

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O espírito de Mary Agnes

                A luz esverdeada que em minha face refletia trazia a quietude das dependências, contrário de lâmpadas verdes, apenas a espessura do tecido do abajur cuidava para que esse aspecto confortável reinasse dentre a mobília antiga e iluminando o local onde meu corpo se deleitava no cetim e o algodão macio. Trato apenas de cuidar para que não me ocupe demais em meu gozo, desviando a atenção de minha mente para os fatos ocorridos.
                Se não houvesse apenas um fato grandioso para o que lhes venho a esclarecer, rapidamente controlaria meus olhos para que permanecessem fechados por horas, dispensando toda e qualquer chateação e ociosidade alheia, raramente colocaria minhas palavras tortas se conhecesse piamente o pensamento que lhes estão surgindo, mesmo que um breve sorriso meigo e hipócrita, jamais poderei ter o gosto de vê-lo em seus lábios.
                Um assassínio. Haveria ainda o que esclarecer se fosse outra palavra tão pesada e densa? Condensaria então minhas breves ironias e assim faria com que suas sobrancelhas também decaíssem um pouco de seu semblante desprezível.
                Mary Agnes, uma bela jovem com olhos mel e cabelos loiros como a luz do dia numa primavera radiante, tinha os traços de uma deusa, lábios finos e pele clara, com virtudes invejáveis no piano e um dócil coração, assim suposto pelos mais próximos. Quem sabe tenha sido morta por um de seus admiradores frustrados, mas rapidamente trataria de colocar o caso a parte de outras pessoas, se o fato de que não tenho apoio algum, colocarei minhas próprias unhas nos vestígios e formularei a carta de resignação.
                Relutaria ao propor a mim mesmo vasculhar seus pertences joviais, colares belos e vestidos graciosos, uma penteadeira de carvalho, um espelho oval que transcendia a beleza única da moça, assim como uma pintura enfeitiçada, o espelho tratava de refleti-la, intocável e pecaminosamente bela. Roubaria alguns de seus broches e alfinetes, adorara donzela, jamais a esquecerei. Jamais a esquecerei. Mesmo que tenha que repetir meus pequenos pensamentos umedecidos em meus sentimentos.
                A sinuosa folha de papel, da-me a impressão de que estou em meus oníricos pensamentos e já se não bastasse a vontade, o tempo contribuía para esse fato, assim, jogado aos lençóis confortáveis, expurgo meus pensamentos para o breu e aninho meus ombros para que possa sentir a leve presença do colchão, mas apreciando as qualidades do móveis e a gentileza de meu querido amigo que me recebia.
                Ainda que um trato quebrado de minhas perspectivas e a razão fossem traçadas em meu consciente, comumente corromperia meu laço de amizade com meu dócil companheiro, não lhe assentaria na mesa e dissiparia de minhas ventas o suicídio de Mary Agnes sobre seus ouvidos, mas minha obrigação como homem é cumprir com dignidade e honestidade meu cargo dado pelos homens sagazes e apaixonados pela justiça e clemência. Mas me refiro a fraca indulgência de um pai a ser relatado sobre uma atrocidade cometida por sua primogênita, ainda que não bastasse seus méritos angelicais e o dom musical.
                A prova cabal que vos asserto, são os mais simples frascos pequeninos de eserina amontoados na terceira gaveta da formosa penteadeira, mas contraponto meu sonho pela continuidade de minha lucidez adquiro a performance arbitrária de ludibriar os fatos decorrentes.
                Mãos finas e agouras sobre meu pescoço, próximas a jugular, rapidamente diferiria de minhas próprias mãos caso as não estivessem cruzadas sobre meu abdômen, como traços delicados de um bordado, assenti os gélidos membros da finada sobre minha pele e cuido apenas para que meus olhos estejam cerrados, sem que mova uma polegada sequer de meu corpo. Ganharia tempo de pensar o motivos de tal façanha se não apenas entender o fato em questão.
                Subornaria qualquer pessoa que fosse para um uivo estridente que me salvasse da presença medonha desse espírito ao meu lado, um maldito frêmito aos meus ouvidos fixando ostensivamente meu pavor e o suor exacerbado que corria de meus poros, inibindo minhas cordas vocais como aviso para minha futura conduta. Longe do que pudesse esperar um ultraje a meus verdadeiros valores, mas opondo-me ao acontecimento, permitiria que minha boca permanecesse fechada, como um ônus quanto as minhas faculdades mentais, para que o pavor e o medonho sentimento que sinto agora, não estripassem todo o intelecto intacto que me acompanha por anos.
                Com sucintas letras profiro em baixo tom, acerca que meus pesadelos reais dissipem sobre a meia luz do abajur. Blefarei, com a injúria em meu coração, proferi tais letras para que a perversidade do espírito imundo desaparecesse de mim e trouxesse a paz a meus olhos e peito.
        
              - Marcos Leite

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os atormentados


O que levarás quando fechares os olhos?
Ainda que tenha feito.
Apenas os atos serão levados em consideração.

Já reservastes sua bela casa lá?
Mesmo que seja um alto investimento
Uma maneira sofisticada de termos garantia
É o que dizem por aí as vozes roucas das ruas.

Realmente, também concordo!
Viver intensamente, sem ter limites ou verdades.
O mundo é uma bagunça, meu corpo também, e até meu traseiro.

Quando cruzares o sol.
Não estribeis de teu pensamento.
A colheita chegou,
Pois a plantação esteve em outrora!

- Marcos Leite

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Desposar-me-ia


Saberia dar a ti um breve sopro
Expurgando minhas aflições
Contanto que recebesse minhas predileções

Uniria o ar a tua face
corando seu semblante 
Lançado a meus olhos

Habitaria nas mesmas dependências
Implicaria com o modo de se vestir
E admiraria sua beleza

- Marcos Leite

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Carta a minha querida esposa


Numa tarde de outono, estarei sentado no banco a espera de ver-te, com os raios breves do sol a iluminar o dia, desabotoarei minha bolsa e jogarei migalhas para as aves, permancendo assim no frio e na atmosfera dócil para meu peito e triste para meus olhos.
          Se encontrasse seus passos próximos a mim, trataria de compor uma canção com suas pegadas, retribuindo sua visita com meu generoso carinho. Impondo-me as leis da vida, ou quem diria enganando o tempo.
          Tombo em pensar que meus dedos estão velhos demais para uma serenata, e minha voz não é mais a mesma, apenas elucidarei a melodia, fecharei minhas pálpebras úmidas e pensarei em você.
          Jamais cumpri minha promessa, uma culpa que levarei até o fim, estender minha vida e deixar-te do outro lado da margem, meu veleiro vai mal, estou a ponto de naufragar, ainda sabendo que estou aqui sozinho, mas não pude realizar tudo, você se foi e uma avalanche em mim, iniciou.
          Intimidaria contar-te que hoje em dia não se vendem mais leite em frascos de vidro? Ou que o café e o trigo são vendidos em sacos plásticos? Sorriria ao ver as caixas de leite, são práticas, mas o leite parece não ter o mesmo sabor.
          Está chegando, é, ainda há tempo de pensar no que, mas o que posso comprar? Depois de amanhã, não me esqueci querida, o aniversário de casamento, tratarei de encomendar belo buquê com tulipas azuis, suas prediletas, e também algumas rosas amarelas para enfeitarem.
          Já é hora de me apresentar novamente ao meu local de convívio, com pessoas das quais não conheço, alguns simpáticos, e outros um tanto ranzinzas, mas tenho paciência com eles, sempre em meio de minhas leituras pensei como é triste a perda do intelecto, então não as menosprezarei.
          Estou com o peito cheio de saudade de ti, hoje vejo que o passado é um laço de fita, e o presente é apenas o nó. Mas o futuro é desfazê-lo, e sinto que não perdurarei muito tempo por aqui, não que não goste, mas já estou cansado e velho, mas em meu coração tenho as belas lembranças e a paz divina. E peço que não te estribes de meus pensamentos, pois, se vivi até hoje, foi apenas por pensar em ti.

         - Marcos Leite

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Blefe


Quando o sol deixar de brilhar
Os fantasmas do passado me buscarão
Atormenta-me,
Réu confesso, sou!

Corto meus laços
Enlodados na culpa perversa
Um assassínio,
Premeditado.

Lembrarei da carta magna,
A tirarei do bolso
E colocarei sobreposta
E recordarás também de sua atuação.

- Marcos Leite

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O beijo do esplendor


 O sol se deitara sobre a beleza da lua.
Afrouxando as ondas do mar.
De que seu brilho reluza
Como reposta a seu admirador.

Ao céu e entre as jovens estrelas
Faz confissões de seu último beijo
Bastaria um instante

Na alvorada, sua amada se esgueira
Entre as nuvens solúveis, está a olhar
O retumbante brilho

Esperam que o tempo,
Os presenteiem com seu encontro
Entre a penumbra do mundo
O beijo do esplendor.

- Marcos Leite


 
 
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