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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Visita ao inferno

Entre os imundos percursos para a chegada dos umbrais do sofrimento, parti de minhas transgressões e atingi o ápice de minha consciência, o remorso desfigurado no horizonte, trato que é a mais comum visão do que poderia ver ali. Rapidamente tenho plena convicção que perecerei entre os charcos de horror, gritos estridentes e gemidos a inundarem meus ouvidos.
            Se ultrapassasse apenas um fio de luz por estas redondezas, conheceria o grande garbo da paz, deliberando um traço de justica para aqueles que se culpam por todas as tolices e estapafúrdias dos atos em vida. Acompanho cada momento, e estou a ponto de desabar em sofreguidão, permaneço na loucura de meus pensamentos, mensurando para que não tombem meu corpo aos dos prostrados.
            Estimo que nada seja claro, mas que todas as impressões que a tristeza de minha íris exala, cumpre difinitivamente uma pena adquirida. Rogo para que as nuvens estejam próximas e que ao menos delas cinjam meu horror com seus traços, a mim ainda que uma visita nesse periodo prematuro, não saberia se dela jorraria enxofre ou gafanhotos.
            Relutaria, caminhar entre os vales, já que representam uma tragédia, nunca vista por todos os viventes da terra, milhares de cabeças e árvores tortas, limitadas apenas ao calor e a escuridão, jamais atrelaria um nome a esse episódio macabro, mas permitiria uma conduta melhor a meu coração, caso fosse possível em estância.
            Haveria pedidos infindos de chances, caso pudessem escrever ou falar, de que o ranger dos dentes e a cólera permitissem proferir alguma palavra sequer, infurnados em seus próprios sentimentos, corrompidos pela ira, permanecerão para sempre nesse maritirio sem fim, até que o pavor trate de consumi-los para a eternidade.
            Gasto meus passos nesse plano onírico medonho, ai de mim se estivesse nele, minhas lágrimas secariam junto aos dos atormentados e trataria apenas de contar os segundos para que a maldade sobre mim cessasse. Mas encarrego de abrir meus ouvidos para o amor, e que dela dissipe todo esse maculado destino.
            Toco mais uma vez os cavalos da carruagem extirpando meu temor desse arbitrário lugar, deixando apenas em meu peito o sentimento de razão, medo e humildade, ainda que lúgubres pensamentos tornem a me encontrar, saberei então como fugir e avisar aos outros. Certamente tratarei de apoiar meus joelhos e cotovelos com maior frequência, a fim de ter maior comunhão.

- Marcos Leite

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