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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O fanal esverdeado

         Nas proximidades do rio, onde os olhos dos moradores não enxergavam a grande casa, as árvores mantinham o aspecto velho e mal cuidado, portões de ferro e uma inscrição logo acima, água doce, era em bronze guarnecida em delicadas tiras e contornos, ao longe se via a palavra água, e o restante já era encoberto pelas folhagens. O aspecto sutil e acolhedor da propriedade afugentavam os mistérios dissimulados pela população, uma ridicularização de tamanha e belíssima fazenda a ser pauta de alcoviteiros do município.
         Os raios de sol e o extenso planalto onde estava era contornado pelo rio motambu, um grande e largo rio improprio para o banho, a correnteza era forte e acreditavam em seres medonhos que habitavam os arredores. Fiz em reverência ao meu amigo Nestor, proprietário, a gentileza de conhecer as terras a cavalo.
            - Veja Ulisses, lá onde os pássaros voam, existe o famoso corpo seco.
       - De fato Nestor, estou um pouco impressionado a tamanha inocência de tal população em crer em mitos fantasiosos, quiçá, continuarem dissimulando tal anomalia inconveniente.
         - Meu caro, estamos no interior, as pessoas ainda seguem as mentiras de nossos antepassados.
          - Teus pais também contavam-lhe tais peripécias?
          - Não peripécias, mas fatos.
         - Um dia talvez eu creia em todos esses mitos, até então posso ser morto com o fogo de meu cavalo, ou mula talvez.
         - Ulisses, onde estamos não significa que tais coisas aconteceram, todavia, o mito procede de forma conveniente a nós da fazenda, nunca vendemos tantos queijos e doces como em minha geração, um pouco de mentira faz bem ao bolso.
         Eu o encarei com desdém e continuamos a cavalgar pela planície, ate que beiramos novamente o motambu, olhei para o rio e vi que a beleza de tal era formidável, limpo e extenso, a força era visível, a torrente de agua acelerava em tamanha dimensão que até meus olhos ficaram maravilhados.
         - Tome cuidado, não banhes aqui. Jamais.
         - Por quê? – Disse gentilmente
         - A correnteza é tão forte que ninguém na região que se aventurou a pular, voltou. Além da força das águas, existem redemoinhos que puxam para o fundo.
         Ao fim do passeio, minhas pernas estavam cansadas, necessitei de um banho longo em uma grande louça que a casa oferecia, a banheira era grande e a água era quente. Fiquei por volta de uma hora, li parte de um exemplar que ganhara de Nestor, e fumei alguns cigarros. Dai a pouco, vi que na soleira da porta dois pés se aprumaram, e bateram na porta.
         - Ulisses?
         - Sim!
         - Que acha de bebermos um pouco de conhaque em um casebre do centro? É um casebre apelidado de bar, é humilde e há algumas pessoas que poderia conhecer, assim como mulheres e ouvir um pouco de música.
         - Acho perfeito! Ficarei pronto em instantes.
         No carro com meu amigo, conversamos até que chegássemos em tal lugar, o sonido que vinha das paredes indicava que o estilo desempenhado pela banda era o sertanejo e me senti um pouco menos desconfiado, quem poderia ouvir tal estilo não deveria ter o coração tão cheio de ganancia e excentricidade.
         Ao passar a porta com tramelas, vi um balcão com alguns homens em pé, algumas moças e uma dupla a cantar com seus instrumentos de corda, aferi que era certamente notado por todos no local, dei de ombros e pedi uma cerveja. Assentamos e começamos a conversar sobre propostas de negócios, pessoas do passado e a ascensão do asfalto no município.
         Após um período, chegaram pessoas e percebi que Nestor foi conversar com amigos e conhecidos em outras mesas, fiquei próximo a uma garota chamada Alice, e outros dois rapazes de estimo de meu amigo.
         - Então não viu ainda a Iara? – A moça interpelou enquanto falávamos sobre o asfalto recém chegado.
         - Mais desses mitos contados por aqui? – Ridicularizei em tom sereno.
         - É real, ela existe.  – Disse o segundo e o terceiro assentiu com a cabeça.
         - Onde posso encontra-la? – Perguntou ainda com um pouco de ironia.
         - Ela vive no motambu, se fores às madrugadas a encontrará facilmente, mas não seja imbecil de o fazer, ela não poupa qualquer que seja, apenas seu protegido.
         O tom da jovem foi sério e seus olhos arregalaram sutilmente, o temor parecia similar aos cidadãos e a maneira com que retratavam sua performance e feição eram assustadores. Os olhos cândidos castanhos, a pele morena e os cabelos esverdeados se assemelhavam a uma deusa e ao mesmo tempo a medusa, uma bruxa dos fluviais e a intenção de morte em teu olhar, diziam ainda que tal monstro apresentava como uma jovem belíssima na bruma, e que seus cabelos na escuridão cintilavam, e o canto era dócil e excitante.
         As passagens segundo os dois rapazes e a moça me perturbaram com o decorrer da noite, ao cair da madrugada, voltamos para a fazenda e meu amigo disse uma surpresa. Meu pensamento era imprescindivelmente sobre a espécie de sereia do rio. Em meu delírio, podia ouvir teu canto.
         - Pronto, Ulisses, tenho aqui um vinho do século XIX. Se não acreditas, o mostrarei, acompanhe-me até o escritório.
         O vinho era fabuloso, sua intensidade me deixou relaxado e Nestor espreitava a janela o tempo todo. Ao fim da garrafa decidi subir até meu aposento e despedi de meu anfitrião. Abri a janela para sentir um pouco do frescor da brisa, e ao longe próximo ao rio vi uma breve luz, e próximo a casa um vulto a correr em direção ao brilho sinistro.
         Em um passo relutante deitei e pensei por cerca de quinze minutos intermináveis, ao reavaliar minhas intenções e garantias, conclui que de nada perderia se investigasse, eu mesmo as dependências do motambu, o espectro correu a galopes e a breve luz se dispersou na bruma, mas em meu peito a euforia de pensamentos catapultavam a milhões.
         Abri a porta com cuidado, desci as escadas e o silencio trazia a quietude familiar da casa, coloquei meus pés sobre a grama e comecei a correr em busca de alguma alma ou monstro que poderia ter por ali. Não tão longe o brilho deixava de ser fosco e uma breve cantiga podia ser ouvida, entendi que talvez fosse a Iara, e os semblantes dos jovens me vieram a cabeça em tormento. Grande parte de lendas fizeram sentido, porém, não havia qualquer sentido de provas.
      Quando aproximei juntamente ao raio de luz, me surpreendi, Nestor tinha uma lamparina nas mãos e olhos rígidos olhavam para mim com raiva e severidade.
         - Que fazes aqui Ulisses?
         - Vi um facho de luz, como um fanal ao longe e tive de verificar.
         - Devia voltar, não percebes o quanto é perigoso o rio.
         - Sim, mas se é o que fazes ai?
      - Lembrei que havia perdido meu cachimbo de carvalho em prata e não poderia deixar para amanha para procurar meu artefato tão querido. Não há mais nada o que fazer, já o encontrei, rumemos para a casa.
        Minha atenção para o caso era de se duvidar, segundo os companheiros que deixaram a possibilidade ao ar, a minha desconfiança ultrapassava ainda a confiança de meu amigo, duvidei e voltei com insatisfação para as acomodações. Ao me despedir mais uma vez, cai no sono e acordei no outro dia com um susto, porem conformado com meu delírio e manifestação da indução de palavras e mitos dos jovens no bar.
         No café percebi que as unhas de Nestor cintilavam, e ignorei o fato até o momento, me convidou para passear, mas blefei com a desculpa da indisposição, e ao descansar levemente na rede após sua saída, veio então o pensamento da trajetória do dia anterior, voltei para o centro da casa e subi as escadas, e percebi que as marcas de seus sapatos tinham escamas esmagadas, e em seu lavatório alguns fios esverdeados permaneciam estirados. Em um grito de horror constatei que meu amigo era o protegido.


                                                  - Marcos Leite


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Memórias de Nina – Egoísmo

         A trajetória de um humano, seja ele qual for, é feito de vitórias, o êxtase triunfante do êxito e da grandeza entre os demais, as qualidades de se tornar um vencedor e as oportunidades para que seja um, concorrem com nossas derrotas, pois, a vida de qualquer homem é composta também de fracassos e erros. A origem do insucesso parte de nós e acatarmos com naturalidade é sorver um pouco menos de culpa que o meio nos remete.
              Externar as possibilidades de termos a quantidade necessária para uma existência plena difere de ser para ser, os animais necessitam de comida e um ecossistema para viverem, os pensantes necessitam de mais, o dinheiro, a grandeza, e muitos o sadismo.  Se todos estivessem a espera do juízo, descartaria obviamente a generalização da raça, mesmo se não estivéssemos, desprezaria mesmo assim. A grandeza de espírito de alguns não equivale a ganância de milhões, são almas azuladas, de luz e singeleza, a tranquilidade que as estrelas remetem a nós, e que a própria soberba acha pouco demais.
             A excentricidade é o ponto crucial de encontrarmos o asco em alguém, as palavras e interações tornam-se imundas nos obrigando a ignorar tais facetas de outrem, todavia, há particularidades na terra que devemos seguir, os sentidos ébrios festivos, conjeturas familiares, datas. Os grupos involuntariamente se mutilam com verbetes deploráveis de maior sucesso, os participantes publicam no ar suas conquistas e desdenham as demais, os que permanecem calados, são encarados em zombaria, mas poupam-se do ridículo e da consternação invejosa do meio em certas vezes.
              Devemos estar abertos para o que as pessoas têm a nos dizer e as inovações que nos cativam a viver, diferenciar nossas coisas dos demais, poupar a cobiça, a chaga da perdição. Os seres no espaço estão em pleno convívio com suas dimensões, as aguas não invadem as terras, e os animais não consentem da avareza.
        O egoísmo das críticas relata a ti mesmo tua falência intrínseca, censurar vestimentas, gostos, familiares ou formação anatômica, pressupõe uma vida infeliz e amarga, a inocência crepitante em busca da vida condecorada pela TV e as canções. Não existiríamos se comportássemos da maneira que todos gostaríamos que fossemos, a personalidade e a identidade anuladas por bestiais desejos caprichosos, isentando os verdadeiros olhos da realidade cotidiana, e atribuindo a teu ser a frustração.
              Objetamos arbitrariamente devido nossas perspectivas vivenciadas, a sagacidade de aceitar as derrotas e sustentar teu caminho a partir do fracasso permeia as zonas de orgulho, os viventes aboliram de si mesmos a aceitação de sua inferioridade, os pensadores podem explicar tal dificuldade dos povos, e quanto a mim, percebo que estou sozinha, maltrapida e suja, me tornei uma mendiga.

- Marcos Leite



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Memórias de Nina - Hedonismo


Ode ao hedonismo

                As estratagemas diferem-se pelos significados similares aos adversários, as guerras não se comportam desta maneira, a indução do poder ocorre como uma chama ardente aos privilegiados,  as diferentes maneiras de um agregado se esquivar é o desaparecimento, embora, as circunstâncias improváveis para que tal feito tenha êxito, são agravantes, o espaço físico e a pátria. As estratégias são formuladas acerca de enxergar os inimigos sucumbirem, e não poupam méritos aos combates. O que percorre o início dela não é somente as falanges inteligentes para o simples ataque, mas o orgulho, e embora no passado nada estivesse como hoje esta, os interesses são as marcas que determinam tal catástrofe humana.
                O passado remete a algumas de minhas pegadas, se assim for, seria considerada uma herege, hedonista, amar o prazer acima dos outros desejos, o bem estar e a tranquilidade que me remete a pensar no quanto tal palavra é divida em interesses, se em uma batalha as forças lutam entre si, o pensamento compartilha opiniões realmente inaceitáveis e apropriadas.
                O tema de todos os capítulos a seguir não passam apenas de intenções, pudor ou afetação. Discutiram sobre a perfeição do prazer, a felicidade e o convívio pleno, ainda que difuso, o egoísmo vil, a soberba e a excentricidade caracterizam a mesma vertente. O hedonismo em cruas partes, de pessoas opostas, pensantes, eruditos e imbecis. A inutilidade do pensar talvez enruga as ideias, vertem os desejos e escurecem os sonhos. O questionamento de interesses ao prazer permanece vil se tornarmos o sexo e a luxúria como um ponto maior a ser enxergado. Se as improbidades especuladas pelos hereges em terra são determinantes a tua afeição ao mundo, estariam de um lado da batalha, inclusive entre o clima austero e desprezível de teu próprio grupo de pessoas.
            A beleza da felicidade costuma inibir os prazeres carnais, orgulhosos e pestilentos, assegurando outra parte de um batalhão, a genialidade de frisar a beleza e o conforto para o corpo e a mente, exatamente ser egoísta de fato, ao preocupar-se consigo ao invés dos arredores, desprezando os demais e as interpelações, reconhecendo que quase toda a terra contribui para teu próprio egoísmo, todavia, o consentimento seja como um blefe.
                Um sentimento misto de ira e probidade, os relatos religiosos, a bondade e o azedume. A luz acorda algumas de nossas vontades, e a escuridão as esfriam, e o mesmo ocorre no inverso, a sinceridade de teu eu está mais aflorada quando és honesto.  Conjeturar e atuar em ocasiões, não lhe faz nada além de mostrar ao espelho um fraco. A tranquilidade de dentro nos injetam a lógica e a comunhão da existência conveniente, isso é o que em nosso interior é deduzido, mas não há tema ou discussão que a resposta seja única, até para você mesmo.
                Como na guerra, as mentes que usufruem de teu próprio bem são lançadas contra as opostas, os insultos, escárnios e elogios irônicos, há a sonoridade inconsistente as outras, e do outro lado dos sacos de areia nos enxergam como errados e anômalos. A humanidade teria paz e ternura se fossemos como formigas, a aceitação de uma organização de pessoas similares a ti, com deveres e prazeres, uma sociedade hedonista, amar a si mesmo, procurar teu prazer e busca-lo. E o poder? Talvez o inspirado se desse conta que sua atividade na mais alta cadeira é de fazer o bem a si próprio, assemelhando aos demais, o dinheiro e a autoridade torna os seres menos favoráveis a busca de sua tranquilidade. Assunto que são respondidos pela ganância e o tormento, dissertados por sua própria junção morfológica, as palavras os respondem.

- Marcos Leite



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Memórias de Nina - Terrestre


Parte ínfima
             Se os raios foscos que emanam de um abajur de lâmpada vermelha desse tamanha dimensão ao dia em possibilidades de nos tornarmos cegos e promíscuos ultrapassariam as barreiras da arte, porque a luz vermelha nos indicam coisas pecaminosas e com trevas entre os traços avermelhados da mobília? O verde propõe outra situação, e o azul a palidez belíssima dos céus. Asseguraria a mim mesma uma noite com todas as luzes, uma caixa estilizada pela técnica decoupage, com pequenas dobradiças em prata, um puxador vítreo rosado.
                Embora os números de nossas pegadas na terra não tenham sido contabilizados por nós mesmos, o solo adquire tal obrigação, se eu tivesse ainda meus pensamentos quando pequenina, concordaria com esse que escapou do fundo de minhas lembranças, sou uma contadora de memórias, mas a menina que há em mim sim, não eu mesma.
                Uma certa vez tive um sonho, e neste era um homem, talvez uma vida há alguns bons anos atrás, se realmente isso existir, eu adoraria ter sido aquele homem do plano onírico. Era rude e deflorado dos teus anos áureos da juventude, com seu caminhão e um companheiro. Viajava sentindo o norte do país, o caminho era feito de terra batida, assim como vamos para a zona rural de algum município, o calor escaldante e a pouca quantidade de água em seu galão. Se estivesse em outro lugar do planeta, talvez adquirisse outras descrições, eu o via em meu sono como um homem tenaz.
                No caminho o peso da carga e a precariedade do veículo colidiram junto ao tempo e o marasmo, estava numa via nua, sem pessoas, asfalto ou placas, eu, meu companheiro e o caminhão. O sol lançava rajadas de calor tão altas que a impressão de que estávamos sendo crestados a luz do dia.
               - Poderia pedir ajuda a alguém na última cidade?
               - Assim que o primeiro veículo apontar, acenarei em ajuda.
            - Traga: Parafusos dianteiros para rodas, cordas, e chaves, se possível graxa - com o sol e toda esta areia as peças foram empanadas – e não te esqueças, mais água.
                Ao trajeto de ida e volta de meu companheiro, enrubesci de cansaço e sede, as condições de entretenimento de um homem maduro eram as mínimas, o rádio deveria ser poupado devido as circunstâncias óbvias de uma bateria limitada. Cartas? Não havia parceiro. Um livro? Não vi em qualquer parte deste, talvez eu não fosse instruída nesta ocasião e vida.
                Com a volta do outro, percebi que os parafusos estavam errados, eram um pouco menores, as consequências de tal descuido ou ignorância de minha companhia, nos atingiu com o tempo, a cada dez  a quinze quilômetros a roda entortava, pois, os parafusos saltavam das rodas, e sabe la quantas vezes desci do caminhão, todavia em meu peito tive a anunciação de coragem e força. Um desafio que nenhum outro lugar poderia me propor, a vida em versos crus.
Percebo então que neste momento efêmero a misericórdia rogada. Enquanto o charco de oposições humanas ludibriavam o consciente de minha existência. A presença cândida de minhas preces procediam com ímpeto a sisudez de minhas vasta as transgressões.
Se houvesse qualquer hipótese de ser uma seguidora de outros princípios cumprindo o papel de uma imperatriz, bruxa ou sereia que habitasse qualquer parte do universo, de que importaria? Seria ainda assim a mesma, entre os olhos que cercam meus horizontes, e asseguram meus sonhos mais estranhos. Serei sempre um único exemplar em toda a existência de vida na terra.
Se os cadáveres tomassem conta de espaço que vivem, a terra seria ainda mais que uma simples composição de gases, o solo, traria uma civilização transitória para todo o sempre, se a matéria termina em pó, assim como os fragmentos rochosos que duram milhões de anos, se transformam em um solo quase próprio para o plantio, mas ainda com pequenas rochas e deste com o passar de eras se transforma cultivável. Mas os fósseis e cadáveres não tem tal poder não é Miss Nina? Se tivessem, a dimensão do globo teria triplicado, e teríamos uma camada de pessoas e animais, crosta, manto e núcleo.
Mas não esqueci dos mares, e ainda reitero que meu devaneio é em vão. Se não houvesse decomposição facilitada de corpos, teríamos um grande oceano deles, os camponeses e imperadores não aceitariam que em suas terras tivessem tal lixo orgânico nada fácil de ser decomposto ou reciclado.

              - Marcos Leite


sábado, 4 de janeiro de 2014

Memórias de Nina - Controvérsias


Parte 2.75

As pessoas são covardes, o mundo e as consequências talvez as fizeram assim, ou eu mesma posso ser uma mera covarde com os indicadores e a língua a espera de fazer uma crítica. É que nem sempre os vencedores são os que se dão melhor, as vezes você estar entre os melhores, não significa que você não seja o melhor em algo. As competições em alguns casos são irrelevantes, se os juízes são pessoas como eu, como podem escolher algo que não esteja em teu escopo de afinidades?
Você e eu nunca chegaremos a excelência e a perfeição, ninguém conseguirá, pois, ela não existe. A existência da perfeição só pode estar nos céus. A busca interminável pela perfeição, pela escrita difícil, pela pintura magistral e o perfeito acordo mundial que remete a ti inúmeros elogios, são empolgantes, mas isso não significa que é o melhor de todos.
A covardia dos homens não está apenas em competições, talvez o chamemos de imparcialidade, já a covardia é descoberta dentro de você mesmo, quando prejudica alguém com alguma mentira, o sadismo que instaura nos pulmões das pessoas, pode fazer bem ao ego, mas danifica o peito e em alguns caso nos presenteia com o remorso. Há inúmeros casos de covardia no planeta, com animais, pessoas, crianças, velhos e obras. Não sou uma doutora para me expressar de forma tão assertiva, mas a diferença dos tratamentos de crianças, pessoas e velhos são segregados.
Os velhos e as crianças estão próximos, pois a mentira e a enganação é muito comum, as pessoas, que assim podem ser considerados as adultas, gostam de trata-los assim, o tempo é também guardião dessa tal covardia, ele diminui o raciocínio dos mais velhos, e as crianças os presenteiam com a inocência. Quanto aos adultos, eles comprometem teu próprio tratamento, além de mentiras e enganações, adicionam a deslealdade e um pouco de inveja. Acho que estou nessa transação de criança/jovem para adulta e isso é um pouco deprimente.
Posso perceber que as ofensas são comum na vida adulta, e todo o plano de ser bonzinho quando pequeno é a esperança remanescente dos que já se tornaram adultos, acerca de tu não tornares como eles. E isso embora todos anseiam o resultado é o mesmo. Se tornarão uma faixa etária, independente de ter uma mente brilhante ou infantil. Será julgado e tratado  da mesma maneira do que os da sua idade. E a cobrança da vida adulta é etérea e cinzenta.
Estou com um pouco de inveja deles que estão nas árvores, não tenho tanta disposição quanto antes, se me arriscar a apanhar algumas jabuticabas, pode ser que escorregue e caia, estou com saudade de quando era menina, e as coisas pareciam um arrebol degradê, bonito, cândido e iluminado. Hoje parece que meus dias são todos iguais, são as mesmas atividades rotineiras, a malícia e as contas para pagar.
Um raio de luz é como uma flerte de esperança que vem das nuvens, sou uma adulta, mas me orgulho também, plena e convicta de quem sou, não totalmente como gostaria, mas sagaz o bastante para interpretar minha vida de diversas maneiras, e conseguir observar as outras. E apesar de eu participar de uma faixa etária, tenho a certeza que estou aqui, tenho minhas intenções e devaneios, não estou nesse mundo apenas para olhar ao redor e viver como um animal preso, mas compartilhar minha existência com os demais, já pensou que daqui duzentos anos pode ser que pesquisem sua vida como integrante importante da sociedade no tempo em que viveu?

- Marcos Leite


 
 
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