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domingo, 20 de fevereiro de 2011

O beijo

   
 Já estava escuro, a noite abraçara a cidade, os ruídos lá fora eram insípidos. O coração daquela garota tinha um assunto inacabado aquela noite. A agonia a beijava com seu sopro gélido, os minutos demoravam, o relógio era seu maior inimigo naquela noite. Antes de qualquer contato inerente da pele, o contato por palavras era assíduo, havia muita determinação e afeto em todo esse oceano de possibilidades.
Dias a fio o contato era alimentado e suas estruturas iam-se cumprindo, ás vezes ela ficava magoada, ás vezes debochada e muitas vezes feliz. De toda sua história o final entre o singelo contato e a realidade uma hora chegaria, e então naquela grande noite aconteceria o beijo.
O sino tocava singularmente na pequena cidade, entre outros ruídos de aves noturnas e o breve barulho do vento, estava frio e a noite sorria para eles. A hora marcada aproximava-se, os calafrios e vontades afloravam.
Ele estava impaciente e receoso a aguardava lá fora, seus olhos viam mais carros e vultos que existiam, estava um pouco assustado com a rapidez do dia e como as coisas sucederam-se. Mas no fundo ele sabia que a hora era oportuna, instigante e muito virtuosa.
As idéias naquele quarto estavam dentro de um labirinto, eles não se encontravam, os assuntos sugiam de forma aleatória, no entanto o assunto não era tão importante, o que eles mais apreciavam eram a voz e as feições, coisas pouco vistas antes. O tom era amigável, com tolerância e aceitação de opiniões, a vontade os acendiam, cada vez mais de acordo com o conteúdo da conversa, passavam os minutos, o tempo já não os mais respeitava, ele por ventura corria. Mas o enlace de alegria que os cobria fazia com que não se importassem com o tempo.
Aos poucos foram se unindo, conversando proximamente, palavras sussuradas e com tom sensual, a mão fora tocada por ele, de súbito anônimo uma carga de euforia subiu em seus corpos. As mãos se acariciavam, palma, dedo, unha. Estavam cada vez mais próximos, os rostos conversavam mudos entre si, o olhar os guiava, como um imã da paixão, os lábios rosados e úmidos tocaram um ao outro, era quente e frio, trêmulo e molhado, sentia-se algo jamais descrito no peito, o perfume agradável, a música bela, e a continuidade do primeiro beijo tornou-se a noite inesquecível para eles, o fogo do desejo tinha perpetuado, o carinho crescia, todas esses fragmentos do amor que havia nesses dias passados, fora degustado ardentemente, o beijo, o gracejo e a ternura daquele noite extenderia-se para outros também.

- M. Leite (21.01.2011)

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