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segunda-feira, 1 de julho de 2013

O chapéu e a gardênia branca

                  
 
               Chegou de súbito, abstendo seu chapéu do portal e os gravetos, com fivela e fita vermelha, a palha o qual dobrada em um molde angelical, prumava sobre os cabelos castanhos a beleza alva de um sublime adorno. De pés e mão leves, adentrou ao jardim e notou que tinha gatos, um deles deu com a pata e saltitou entre as heras.
                O sol pálido de uma tarde de outono iluminava os caminhos sinuosos, e as vias eram de chão batido, as folhagens esgueiravam entre as arvores e ao longe formavam-se uma bruma. Ouviu então um miado. Aos teus pés, uma gata rajada, tinha olhos azulados, e a feição era carinhosa. Priscila, a seguiu, passou então sobre um coreto de flores e galhos, e havia um espelho, deu de ombros e caminhou.
                Os raios cingiam de amarelo a beleza de teu chapéu e a graça entre teus olhos faziam teus lábios e faces corarem, esteve atônita, mas guardou para si mesma. Trocou as flores de teu chapéu, antes mimosas amarelas, então enfeitou-o com uma gardênia branca, a delicadeza da fita vermelha uniu a garbosa flor ao teu belo seio.
                Suas vestes passavam sorrateiras entre a grama, e percebeu que mais uma gata a seguia, e esta, cinza, sorriu e caminhou, ao ver que a tarde quente para o outono a tinha encontrado, deu-se ao luxo de tomar água em uma fonte de pedras escuras, com uma sílfide em bronze, talvez fosse alguma deusa grega, a água era fresca e leve.
                Piscou duas vezes, e viu que estava andando em círculos, as árvores e as folhagens emitiam a impressão que estivera em um vasto campo, mas ao que percebera, era um labirinto, então voltou alguns passos, e as gatinhas dessa vez brincavam com a calda de teu vestido, as acariciou e sorriu.      
                Ao ultrapassar a última parede de folhas, viu novamente o coreto, e o espelho, então como uma jovenzinha, dançou, falou consigo mesma, e atuou uma trama cômica e bizarra em frente ao belo espelho de guarnição dourada.
                Cansou, viu que estava entre as duas gatinhas, o espelho a refletia, e deu-se conta que o chapéu era o belo marido que cativou, o espelho representava sua vida, pois refletiu sua infância, e seus gostos quando menina, a beleza e a ternura feminina, as gatinhas foi o carinho com seus animais, e teu vestido, então longo, era sua família.

- Marcos Leite



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