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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Saxupquy – Shito e Juniceu

 Capítulo 4 – Shito e Juniceu


Manhã de segunda, um dia nada bom para desbravar lugar algum. Seria mesmo conveniente se tomassem sol e tivesse bonitas mulheres curiosas por ali. Mas o que viam eram apenas areia e árvores, rochas e um ou outro animal, no entanto, a vista do Mademoiselle era a mesma, os ângulos não podiam ser mudados, estávamos atracados numa posição que devido a extensão da ilha, por mais que quiséssemos veríamos somente a praia ao longo e frondosas paineiras a nossa frente.
Um dia quente e ensolarado, era um desses, nada mais, apenas quente e com o sol que rachava os galhos mais finos dos arbustos. Apesar de ser bela e riquíssima flora e fauna, havia perigos bem próximos, recife de corais, cnidários silenciosos e viventes, o problema real não era o fato de estarmos próximo a eles e sim passar por eles. Costumávamos nadar outrora entre eles, devido sua exuberância que nos atraia. Mas o grande fato que tinha de correr deles era muitas vidas que foram tragadas. O charme era apenas uma isca letal para toda e penosa alma que se atrevia a nadar entre eles, cortam facilmente e abriga alguns animais marinhos, melhor peixes e enguias, nada bonzinhos.
Em terra firme dei a ordem para alguns que fizessem nossas cabanas e outros que procurassem lenha e comida, chamei Simão comigo, noite seria muito longa.
- Rapaz, quais são suas duvidas pela bruxa da tormenta?
- Não quero falar sobre isso.
- Não seja reticente ao extremo.
- Cale-se, não lhe dou o direito de zombar de mim dessa maneira, ou esqueces de suas gargalhadas? – Disse furioso.
- Meu caro, somos piratas, de uma estirpe incrível e deve ter um pouco de senso de humor em seu interior, já que faz parte de nossa linha.
- Preferiria ser morto por ela aquela noite.
O crepúsculo engoliu o dia e só podia ver estrelas e o fogo que ardia na fogueira, pencas de carne de veado, e um barril de rum trazido do Oriente. Não era de se admirar como todos estavam cansados e cheio de sono, um dia quente como o fogo e uma noite plana e confortável como essa faria qualquer homem dormir e sonhar.
Estava vívida ainda a fogueira quando a noite já se emaranhava na madrugada, e estava eu ali com meu cachimbo a olhar para Simão.
- Hoje é o dia!
- Que esta a dizer?
- Hoje é o dia!
- Velho maluco, está cada vez mais biruta. – Pensou alto.
De súbito Canebre acertou-lhe um soco no queixo que lhe fez um corte.
- Seu imundo! Por que fez isso?
- Cale a boca! Hoje é o dia, venha comigo!
O marujo estava um tanto intrigado com a atitude do capitão, não era de se esperar que aquelas horas alguém ficasse tão bravo com uma brincadeira qualquer, mas não entendia o motivo de tanta pressa e ira de Canebre.
- Cumpriremos o pacto! – Disse Capitain.
- Que pacto? Que esta a dizer novamente? Que estapafúrdia foi minha idéia em vir com você, voltarei.
- Fique aqui Simão, a bruxa lhe espera.
- Ora, não venha com histórias infantis, já estou farto de tudo isso, cada vez mais vejo como essa sua demência esta lhe afetando.
- Ainda acredita que não exista?
- Não, eu não acredito! – Disse em tom firme e incorrigível.
- Incrível como os jovens são fáceis de serem manipulados. Acha mesmo que nada aconteceu, não a viu brilhar no céu? Suas palmas e assovios não lhe adiantaram de nada?
- Zombou de mim a ponto de gritar.
- Se não tivesse o feito daria com a língua entre os dentes, se bem lhe conheço, queira crer ou não, mas o conheço muito mais do que imagina.
- Hoje ela pairará no céu novamente e sua luz flanará sobre as águas, devemos já estar na água quando isso acontecer, o caminho estará aberto e ainda teremos de convencer Shito e Juniceu. Venha, vamos correndo, ainda há tempo, fica próximo ao beijo do palhaço. – Continuou Canebre.
Estafo Simão o olhava intensamente sem vacilar e acompanhou até que tomou de si e viu que tinha água próximo ao queixo. Em dois ou três minutos ela apareceu, com sua luz forte como um tigre e flanou sua luz, a lua estava tão cheia que era possível contar quantos orifícios continham. As águas giraram e tornou-se um redemoinho constante ate que engoliu os dois para dentro do mar encontraram-se zonzos e quietos próximo a um grande e robusto portão com letras torneadas.
- Que estão fazendo aqui?
Olhando para ambos os lados Simão, calou-se.
- Não vou perguntar de novo!
Com olhos abertos e boca semi-cerrada o marinheiro estava imóvel a frente de um gigante cão de dois metros de altura, era um Dobermann fulvo com olhos faiscantes, nariz absoluto e era tão assustador por seu tamanho que as mãos dos dois gelavam. Chamava-se Shito, e era o ser mais desconfiado que havia no mundo, ele podia ler seus pensamentos caso vacilasse em uma vírgula. Juniceu era cisne enigmático com olhos transparentes e tinham luz ao redor, era belíssimo e tratava de cuidar da chave do portão. Shito e Juniceu eram os guardiões de Saxupquy, eram perfeitos no que faziam, o cisne recebia ondas de luz da lua e Shito guardava a entrada com toda sua grandeza e ira.
Capitão como já conhecedor de Shito e Juniceu se propôs a falar, mas isso não o garantia nada, como disse anteriormente, o Dobermann era o ser mais desconfiado que pudesse existir, e até mesmo uma cicatriz que percebesse próximo a unha já o consideraria como um estanho sem menor cerimônia.
- Viemos entregar o anel de Judith!
- De onde conhece Judith? Dos livros dos humanos. – Disse Shito com ar cínico.
- A conheci no festival das rosas. – Tremendo Capitain respondeu.
- Que sabes das rosas?
- Elas falam.
Shito nesse instante avançou bruscamente até a face de Canebre e ficou a menos de um palmo de seu rosto, seus olhos estavam sugados por todo o brilho dos olhos do guardião e o nariz do cachorro estava úmido e rosnava brevemente. Simão desesperou-se em sua própria mente e desejou nunca em toda sua existência estar ali.
- Vou perguntar apenas uma vez! Os olhos de Judith são de que cor?
- São cinzas - Com voz tremula e fraca Canebre respondeu e então Juniceu esfuziou-se de luz e as portas abriram-se.
Após passaram pelo meticuloso interrogatório do guardião e a ave de luz, respiraram tão fundo no jardim das magnólias, que sentiram seus pés flutuarem de tanto alivio e paz.
- Nunca me disse que correríamos tanto perigo!
- Desculpe Simão, não poderia contar sobre eles para ti, se nem mesmo sobre a Lua acreditou, que dirá em um cachorro de dois metros e um cisne de luz?!
- Tive muito medo quando o vi, era como se um gigante e aterrorizante animal nos dizimaria em segundos.
- Não era difícil, caso eu errasse os olhos de Judith.
Simão permaneceu calado ao pensar nisso, mas surgiu uma dúvida e questionou o capitão enquanto passava pela grama verde e os lindos e belos raios que dourava o chão.
- Quem é Judith?
- É uma ninfa!

Continua...

- M.Leite

Um comentário:

  1. O CAPITÃO ACHA QUE SABE TUDO. Vou me deter mais no seu narrador, analisá-lo mmelhor oara poder comentar, ams só qdo tudo estiver concluído. Abraço.

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