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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Saxupquy - O pacto

Capítulo 2 – O Pacto

  A noite dobrava e suas nuvens sopravam mais alto do que as estrelas podiam alcançar, frio e quietude, nenhum rastro de luz, os peixes dormiam. Ao se olhar pela imensidão do oceano uma luz gigante banhava ao longe, sabia-se que furos nas nuvens continha, mas era mesmo de se acreditar que estávamos numa nebulosa maldita sobre nossas cabeças, nenhum brilho podíamos ver.
- Simao! Para de falar sozinho, seja um menor patife, você é um marinheiro! Marujos não são como menininhas que tecem roupinhas para bonecas e se perguntam da dificuldade de perfurar o algodão!
- Canebre! Não me encha com suas troças.
- A hora esta próxima!
- Não quero falar mais dessa idiotice, se me respeita, peço que pare com essa toda zombaria, já estou de saco cheio com toda essa historia. – Disse batendo a mão sobre o parapeito.
- Céus! Cale-se! Não sabe o que esta falando, um homem como você mereceria apodrecer nas profundezas das águas sem ter o direito sequer de estar embriagado! Continuou o Capitão – Se duvidas tanto de mim, porque não assovie e bata palma?!
Com um olhar semi-cerrado, o encarou.
- Lhe digo que se fizerdes isso e nada acontecer, ah sim! Não a cabeça minha rolará.
- Bata palma e assovie, faça isso quatro vezes.
O som do mar era insípido, podíamos entrar numa viscosidade ainda maior se pisássemos nas águas, pareciam negras como o ébano, nada poderia o salvar da morte caso vacilasse, se conseguisse a sorte de estar morto antes, apostaria uma morte menos macabra.
Um passo relutante pairou sobre a mente do marujo. As trevas que ali os cercavam eram tão negras que podiam apalpá-las, um sentimento de duvida no coração brilhava, algo fazia sua boca mexer descontroladamente, e o olhar cativo de Canebre o fez tremer das pernas e sentir o real cheiro do mar.
De assalto o primeiro zunido veio longo e cortado por uma palma, olhou para as extremidades e continuou, mais uma vez nada viu, apenas sentiu que o olhar do Capitão fervia e sua própria boca tinha dificuldade de lançar para o vendo o terceiro assovio. Ao cabal momento, com o peito aberto, com dois ou três botões que o cobria, com seus braços abertos e mãos esperando a serem tocadas uma pelas outras, zuniu o ultimo com tal forca que ecoou por todo o ar, invadiu as nuvens e a mostrou. Brilhava, como uma tocha de fogo no céu, ardendo e clareando toda e qualquer escuridão.
Continuaram calados próximo a beleza e magnitude da rogada, as águas que eram negras tornaram-se tão azuis como o tom da aquarela, e borbulhavam feito a lava dos vulcões, ventos que comandavam amenamente as nuvens, jorraram água e sopro nas velas do Mademoiselle. Numa dança violenta e abrupta foram atirados para o sul , esturricados em seus próprios corpos, tinham mais medo do que uma lebre a espreita de um gavião.
Já não se via mais nada, a escuridão também encobriu os olhos de Simão, o flagelo de sua duvida finalizou e entregou de vez o peito para o inconsciente. 

Continua...

- M. Leite

Um comentário:

  1. ,os peixes dormiam. Bonita imagem de serenidade e mistério. vlw esperando a continuação.

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