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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os sinos não dobram, se quebram!


           O pensamento atormentado de pessoas que clamam por ajuda é entoado freneticamente por suas cordas vocais, cordas e coros, muitas delas, pessoas desesperadas entre uma chuva de chumbo e desatino de sangue. A fumaça da impiedade invadia todo e qualquer canto, assim contavam os pássaros que fugiam e choravam.
O som contundente da marcha seqüente temia e arrepiava espinhas, e olhos banhavam rostos por onde passava, já era uma loucura surreal, não havia segurança dos pais, pessoas mortas, ensacoladas, sem cerimônias ou reconhecimento. O dia era negro, e as semanas também.
Mãos de ferro no controle, ira, pensamentos, ideologias, carnificinas e genocídios. Nem o sol mais brilhava, a fuligem dos canhões e os destroços já se adequavam a pintura futura do grande jornal que a publicaria.
Os traços da tirania eram marcados no chão, pelos tanques e carros ferozes que pareciam raposas rajadas de verde e marrom, a presa eram humanos, sanguinárias e fulminantes predadoras deles, mesmo que não tivessem culpa de nada.
                O lamento do urutau personificado no blues invadia corações daqueles que se perderam nesse lago sem fim, escuro e maculado. Sem vestes e pertences escondiam alguns atrás de portas e diques. Sem que soubessem que a radioatividade encarregaria de os consumir.
                De fato os sinos não dobram e sim se quebram, deixam de tinir e anunciar belezas e as flores da primavera, deixam a vida e a plenitude.

- M. Leite

Um comentário:

  1. Os dois últimos parágrafos estão perfeitos. Como sempre e já disse isso, a descrição está perfeita. O texto todo me lembrou da música Rosa de Hirochima e A rosa do povo de DRUMOND. Um GRANDE ABRAÇO.

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