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sábado, 21 de dezembro de 2013

Memórias de Nina - Existência


Parte 2

Me aventurei em minhas possibilidades cruas, pálidas e insossas, o que eu poderia ser além de mim mesma? Penso as vezes que as qualidades dos demais sempre vão superar meu entendimento, de uma jovem em constante mudança, e a velhice se aproxima como uma grande carruagem espartana. Acho mesmo que estou sozinha aqui. O mundo é recheado de pessoas e animais, casas, dinheiro e árvores. Em apenas um segundo o planeta inteiro sofre mudanças enormes, e eu mesma posso sentir apenas o leve toque de uma calmaria.
       Se há milhares de moças como eu, porque ainda não encontrei alguma que fosse, poderíamos fazer uma tatuagem parecida, criar um selo de irmandade, e em um dia quem sabe ao longe quando os rapazes nos avistassem, poderiam pensar que somos irmãs.
         Há tanto o que pensar sobre as ofensas cotidianas, embora os dias sejam lentos e os anos absurdamente apressados, me sinto como se estivesse liquidando todos os pensamentos vis, o perdão e o desapego fazem parte da vida adulta e estou saboreando de forma tao saudável que ainda posso crer que talvez eu não seja tão exclusiva assim. Mas parece que as vezes estamos entre uma bifurcação entre o bem e o mal, pensamos em grande parte das vezes que se todos estivessem bem o planeta seria alvo e sorridente, e o que deixamos de alcançar o torna sujo, a frustração. Gostaria que não me cobrassem tanto sobre as escolhas. Mas eu Nina, porque ainda tenho de me apropriar de tais respostas se sou a proprietária de minha existência?
          Em um passo apenas consigo corrigir o desvio e um pedaço de papel que se dobrou, os meninos em cima da arvore não param de gritar, acho que estão eufóricos com a presença de um tucano na arvore vizinha. Caso eu tenha me permitido a olhar para eles, estou um pouco feliz pelos meus lábios também se contorcerem de forma sutil e alegre. O que se leva de todas as incongruências encontradas ate agora? Um pouco mais aqui me dedicando a meus botões e a salada de cenoura será abortada para um omelete engordurado e calórico. Mas se não há problemas qual a graça de se viver? Ainda não estou no céu.
          A morte é o frenesi evitado por todos. Onde as células deixam de reproduzir, e as estrelas anseiam por seu brilho, tornar-me-ei uma. Enquanto isso, penso que isso é triste, alguns se vão e os caminhos entortam, a saudade talvez perpetue até mesmo sobre as estrelas brilhantes, sendo assim o pó do passado me fisga de imediato ou recorrerei ao juiz do tempo?

- Marcos Leite


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