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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Dia de pesca

Com cabelos encaracolados e muita curiosidade levantou do sofá em que estava e apanhou o almanaque da antiga farmácia, que vovô recebia quinzenalmente. Abriu e começou a folhear as páginas lentamente, com aqueles grandes olhos cor de mel e emoção, lá tinha as Pin-ups fazendo propaganda dos perfumes da época, pó de arroz, sabonete, aspirador de pó. Oh! Que luxo! Havia também as balas, os doces, os cigarrinhos de chocolate. A parte de humor, com piadas e charges, as últimas ele não entendia muito bem o sentido das palavras, mas os desenhos eram muito engraçados. 
A parte mística! Uau... que misterioso! Com os astros e signos. A parte da vovó, das receitas das quitandas e doces, a outra que lembrava a titia, irmã do vovô, as poesias. De repente aqueles olhos castanhos claros, próximos ao mel das abelhas se depararam com Dia De Pesca!
- Ô Vó! Pescar tem dia certo?
No velho almanaque continha uma página dedicada somente para os pescadores, aqueles que por hobby gostavam de pescar e se divertir, e isso intrigou o menino, como pescar pode ter dia certo se ninguém fala com os peixes? Dizia que os dias de pesca são guiados pela lua, que nas determinadas fases dela o ato de pescar melhorava ou piorava.
- Vamos lá, na minguante é regular, será que mingua os peixes também? Ah deve ser isso. A Crescente é boa, Hmmmm, acho que to entendendo esse negócio aqui, na crescente ela chama os peixes com certeza. A cheia é neutra, Uai!? Como pode ser neutra, devia ser excelente por que cheia, seria cheia de peixe!? Bem to entendendo mais ou menos. A nova, é ótima, Ahhhh! Essa eu já sabia, porque nova quer dizer que os peixes nascem. Bem!? Mas se nascem não podem ser pescados porque são miudinho ainda. - Pensou consigo mesmo.
O piuí da panela cessou, e os temperos ja exalavam seu cheiro, de avental branco e chinelos estava uma velhinha simpática cuidando do almoço.
- Vovó! Tem dia pra pescar?
- Ah filinho, é o que dizem por aí?
- A senhora já foi alguma vez pra ver?
- Para de conversa fiada, e pinica daqui, por que se é verdade eu não sei, mas que dizem que dá certo, dá!
Sentou no sofá, colocou as duas mãos embaixo do queixo, inspirou e soltou o ar com grande dúvida e frustração.


- M. Leite

2 comentários:

  1. Cada vez mais vc me surpeende. Que lirismo tirado do cotidiano e do sublime mistério da lua.E a pesca? Ah! prefiro nem comentar.

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  2. Mas que legal seu conto...lembranças de meu pai com suas pescarias e também do almanaque que ele trazia da farmácia. Era ótimo e como nos instruia! bjs

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