domingo, 31 de março de 2013
Heresias populares
Prelúdios anunciam a eminência magistral
Joias, véus, perfumes - Um teatro
Um flerte zombeteiro
És um fado procrastinador, da fé?
Multidões, andores, repetições fraseadas
A beleza dos céus entre as ruas?
Ai de mim!
Andores bambeiam, levando a formosura macabra.
Luminárias, distinguem o breu.
Barítonos alegres, arlequins deixados na quaresma.
Prosseguem a idolatria, folheando o ar com teus jargões.
És bento, és religioso, és perverso.
O final apruma nos ombros,
Peripécias da cegueira em vida.
Os paradigmas e costumes convenientes
Lhe oferecendo um pouco de enxofre.
- Marcos Leite
domingo, 17 de março de 2013
Finale
A solidão encontra um arco de luz
reluzente, ogival, perpetua a beleza da quietude e as sombras que permanecem no
ar, o redemoinho de angustias e pensamentos, flutuando como centelhas de vida,
ou quem diga flechas de cupidos doentes espalhadas pelos ares.
Dramático
é o som, o erudito, a exponencial doçura
da vida, onde a terra e os homens, foram presenteados com tal formosura,
sublimada as nuvens e o brilho da noite. Um píncaro de maestria, gotas douradas da existência, diluídas aos escuros
passos do cotidiano, por obséquio de
tentativas inúteis, promovendo uma chaga de injustiça ao fato consumado da falta
compreensão, da cadência auditiva dos serafins.
Lesiona-te
o sabor do vinho, adicione uma gota de azimute, caminhe pela soleira e estribes
da vida, exumando seus sentimentos frios e consternados para a terra, exumar do
ar para terra, ao corroborar um frenesi de escárnio e ira, a mente será o
portal, da vida ou morte.
Se tens
os dedos e pés cansados, de que te enobreces? Venturoso o rebanho tratado pelo
pastor, imunda a pestilenta e miserável ganancia que em teus olhos brilham.
Acharias miraculoso um esplendor ricochetear acima de tua tez?
Desatem
os ombros, desfaçam os nós, deita-me no átrio, com véus brancos, flores mortas,
e que meus olhos estejam cerrados, o rosto macilento seja como cartão de visita
aos próximos, e que em meu esquife seja bonito.
- Marcos Leite
quarta-feira, 13 de março de 2013
Caminhe devagar
Atravessamos um era inóspita de
sentimentos verdadeiros, partilhamos de sorrisos e alguns reflexos do prazer,
tocamos a vida mais depressa, esquecemo-nos de beber água, e corremos para que
nada saia do lugar, estamos num caos moderno, onde as pálpebras tendem a fechar e
os ossos estão machucados das pancadas cotidianas.
Os dias correm com galeio, como
um vai e volta de um balanço num singelo parquinho, se avistares crianças ali,
és um sujeito de sorte, estamos restritos a emoldurarmos em nossas cadeiras,
ligarmos os computadores e apreciar a diversidade de coisas e alternativas que
a rede nos proporciona, nos distanciando de nossa vida em momentos, ao olharmos
de soslaio, pode ser que veja uma porta, ou duas, de um guarda roupas velho com
livros e discos, e estão empoeirando a cada dia mais, sem que você perceba o
quanto de vida tens esnobado ali.
Há uma fabulosa sincronia de
pensamentos, poderíamos tratar isso como um jogo, um banco imobiliário, ou
quiçá, uma disputa de dardos, perscrutando nossos intelectos de um pouco mais
de genialidade, hostilizando o seu presente comum, o que vês todos os dias no
mesmo local, e lhe preenchendo de um sentimento incomum de êxtase, encontrar
conceitos e teorias, nos trás um sutil sentimento de satisfação.
Ter vontades de mudar o mundo e o
rumo das coisas, das pessoas e do seu próprio destino, há muitos que conheço que
estão a espera deste mesmo bote salva-vidas, mas não vieram com o colete salva vidas, além do
mais, as ruínas das terra não foram deixadas por homens que estavam dispostos
apenas a fazer algo melhor em conjunto, observo que estavam a próprio punho de
tuas perspectivas, e zombo que de alguns foram vulgarmente mal sucedidas.
A vida segue como um ribeirão, deságua num córrego, beija o rio e dobra-se no oceano, e quando seus pés estiverem cortados, teus olhos vencidos, e teus lábios sedentos, adentre à
formosura das águas esquecendo teus diagramas e planos, saboreando um grande
gole de tua existência, e talvez perceba que a pressa e o dinheiro só vão lhe fazer
ter menos tempo por aqui.
- Marcos Leite
segunda-feira, 4 de março de 2013
Mães, seres de luz
Ao abrirmos os olhos no colo
maternal, temos a intensa percepção do amor, da bondade e do carinho, a
natureza e as bênçãos agem involuntariamente. O primeiro olhar,a graça divina
de se multiplicar, e a fragilidade do coração de uma mãe ao ver seu filho
desabrochar para o mundo.
Os anos
são como sopros de flauta, doces e altos, mas breves, nada se opõe ao tempo,
ele chega e nos leva como uma maré revolta, o círculo vital da existência humana
e a chama fumegante da glória da vida. Há momentos que nos damos conta o quanto
privilegiados somos. Atentando-se as cores, as flores e as águas,
nada seria belo, se não tivéssemos a consciência da beleza do viver, e nem
mesmo entenderíamos o que é ter tal galardão.
Preocupações
e desafios, estamos grande parte do tempo neste limite entre a loucura e o
desespero, embora, lembrássemos das coisas que nos fazem bem, trataríamos de
respeitar nossos familiares com maior doçura ao invés de conjectura.
Um dia
deixaremos de brilhar e de fazemos parte da terra, estaremos em outro lugar, e
deixaremos fragmentos, pessoas e os filhos, os quais jamais esquecerão o quanto
de amor dedicamos, pode-se pensar que estamos num desfecho com olhos vencidos,
onde os marinheiros não possuem mais mira, talvez estipulássemos que o tempo e
as outras pessoas proferem palavras, e algumas alimentam o coração com a plenitude
e outros acalentam-no a miséria.
Ninguém
além do Pai, cativarias tanto a amor a ti, se não fosse a que estivera grávida,
nos braços dos quais pousou pela primeira vez, e do perfume intrínseco materno.
Quando deixam de existir, as mães se tornam estrelas distantes, das quais
estamos sempre procurando, acerca de que um dia quem sabe consigamos ouvir sua
voz doce novamente. São estrelas nobres, brilhantes e esfuziantes, e Deus é
testemunha, que se não existissem lá, lá no paraíso, um pouco menos de luz
teria na terra e nos céus.
Na
ternura de teus pensamentos, nas lágrimas ou na saudade, sempre se recordará as
páginas de sua história, não encontrarás ninguém que cozinhe tão bem quanto, ou
alguém que te cubra numa noite fria caso seu cobertor esteja estirado. Sentirá
saudade até mesmo das repreensões, e o esplendor de tuas palavras sinceras de
graciosidade, dissiparão sempre em teu semblante quando falares delas.
-
Marcos Leite
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