Atravessamos um era inóspita de
sentimentos verdadeiros, partilhamos de sorrisos e alguns reflexos do prazer,
tocamos a vida mais depressa, esquecemo-nos de beber água, e corremos para que
nada saia do lugar, estamos num caos moderno, onde as pálpebras tendem a fechar e
os ossos estão machucados das pancadas cotidianas.
Os dias correm com galeio, como
um vai e volta de um balanço num singelo parquinho, se avistares crianças ali,
és um sujeito de sorte, estamos restritos a emoldurarmos em nossas cadeiras,
ligarmos os computadores e apreciar a diversidade de coisas e alternativas que
a rede nos proporciona, nos distanciando de nossa vida em momentos, ao olharmos
de soslaio, pode ser que veja uma porta, ou duas, de um guarda roupas velho com
livros e discos, e estão empoeirando a cada dia mais, sem que você perceba o
quanto de vida tens esnobado ali.
Há uma fabulosa sincronia de
pensamentos, poderíamos tratar isso como um jogo, um banco imobiliário, ou
quiçá, uma disputa de dardos, perscrutando nossos intelectos de um pouco mais
de genialidade, hostilizando o seu presente comum, o que vês todos os dias no
mesmo local, e lhe preenchendo de um sentimento incomum de êxtase, encontrar
conceitos e teorias, nos trás um sutil sentimento de satisfação.
Ter vontades de mudar o mundo e o
rumo das coisas, das pessoas e do seu próprio destino, há muitos que conheço que
estão a espera deste mesmo bote salva-vidas, mas não vieram com o colete salva vidas, além do
mais, as ruínas das terra não foram deixadas por homens que estavam dispostos
apenas a fazer algo melhor em conjunto, observo que estavam a próprio punho de
tuas perspectivas, e zombo que de alguns foram vulgarmente mal sucedidas.
A vida segue como um ribeirão, deságua num córrego, beija o rio e dobra-se no oceano, e quando seus pés estiverem cortados, teus olhos vencidos, e teus lábios sedentos, adentre à
formosura das águas esquecendo teus diagramas e planos, saboreando um grande
gole de tua existência, e talvez perceba que a pressa e o dinheiro só vão lhe fazer
ter menos tempo por aqui.
- Marcos Leite
Foi profundo nessa crônica. É essa a realidade mesmo.
ResponderExcluir