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terça-feira, 13 de novembro de 2012

A esfinge nua


Desfeito os braços cruzados, entre as avenidas principais, os olhos pulam para as extremidades crepitantes, o ar é fosco e denso, o que se assemelha um golpe de fumaça, tal, muito conhecida pelos que grunhem entre os carros e as motocicletas.
Uma esfinge, gigante, urbanizada, com traços da Gioconda nos lábios e olhos severos, és assim, adentra o pensamento de que a vê, imóvel e nua, longe e fria. A companhia dos enlodados das ruas, com as velhas vestimentas e a grossa pele a vagar. Andarilhos, pedantes e mendigos.
Um piscar de olhos e nada disso verás, a intempérie se encarregará, o que se pode apenas suportar é um pouco mais de ar fresco longe disso, não tratará de conciliar-te mais com a esfinge, os dias e as horas serão apreciadas, a pintura gigante, esmorecerá de suas vistas. Queres um sino azul? O Natal está breve, se acalente, o preço não é tão alto. Apenas quero suas noites.
Uma fermata de pensamentos, assim, mas continue, não lhe restará muito deste corpo belo e jovial com o passar do tempo e a deterioração das ruas. Apenas o seus olhos, quero também admirar. Mesmo que os meus tenham dono, já estou com idade elevada, mas há fartura em meus bolsos.
Ainda assim com dedos imundos, vejo que serão alvos e dóceis, não apeteço a ti? Fale mais, estas de boca fechada, mas teu semblante lhe entregas.  Contemple-a pela última vez, ela não te devorarás, e de adeus para a esfinge.

        - Marcos Leite

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