Os passos estavam calmos, andavam vagarosamente entre aquelas centenas de pés que rumavam em uma só direção, havia muitas cabeças, de muitos tamanhos e ornamentos diferentes, algumas tinham bonés, outros chapéus, lenços, faixas e uma e outra sem fio algum. As feições eram as mais diversas, algumas preocupadas, outras emburradas, algumas sorridentes e outras com sobrancelhas altas e olhos arregalados de pressa.
O embalo da escada que rolava era vagaroso, as bolsas incomodavam os que passavam, outros ficavam na frente como se nada tivesse acontecendo, a escada não parava e entrava e saia pessoas nas extremidades da superior para inferior.
Defrontavam com algumas pilastras de madeira e acrílico, tinham pessoas lendo as mensagens, outras ao telefone, gente era para todo lado.
Mas o olhar não deixou de perceber que havia algo mais, os ouvidos todavia começaram a sentir um toque doce, notas e mais notas ligeiras soadas por um exuberante piano. Eles tocavam músicas consagradas e esquecidas, havia uma roda de pessoas apreciando o momento.
O pianista sentado em seu banco feito de madeira maciça e acolchoada, comandava as canções, as notas iam se vinham nas mentes das pessoas e faziam bocas mexerem e olhos brilharem. Um senhor, um pouco velho, com cabelos brancos, nariz comprido, olhos pequeninos, trajava uma roupa humilde, mas muito adequada para a ocasião, era um cantor, daqueles que tinha na voz a ternura que emocionava os corações, a solidez de um tenor e o gracejo da calmaria, ele nos olhava com um olhar de gratidão, de poder em sua avançada idade mostrar seu talento, o rouxinol que trazia em sua garganta de velhas cordas fortes.
Apoiada sobre o piano, havia uma mulher com a idade avançada, assim como o velhinho bacana, ela cantarolava com amor as músicas de sua juventude, fechava os olhos com êxtase e entoava sua voz leve para o alto, era uma pessoa muito feliz e generosa, não a conhecia, mas sua feição a entregava.
As canções e notas foram tocadas, pessoas iam e vinham, a maioria delas apressadas, no entanto aquela noite valeria mais a pena, pois a beleza que fora vista, refrigerou os corações.
- M. Leite
sexta-feira, 10 de junho de 2011
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Acha que não, as pessoas o metrô nem se incomodaram com o rtista, ele passou despercebido. É o mundo capitalista no qual vivemos e também as pessoas não gostam da boa música.vlw
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