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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Noite qualquer



Vestido verde, pano leve. Devidamente dobrado, com requintes de quem sabe fazer a dobra perfeita. Por sobre ele uma calça jogada, largada como se fosse um mal a ser destruído. Uma regata branca que completava o monte foi carregada pelo vento, moleque travesso que brinca com qualquer coisa. Vai levando e jogando de um lado para o outro. Nesse balé jovial, uma onda mal humorada não quer brincar.

- Não aceito a brincadeira, agora é minha.

E toma a blusa e carrega consigo. Irá levar para Iemanjá? Talvez. 

A lua que de cima assiste tudo joga sua luz por entre nuvens foscas e arredias. Não gosta de ser chamada de farol do céu. Sente-se mais um preciso solitário a reluzir pela negra noite. Noite que é nova, sete e trinta.

- Amor, tá na hora? Pergunta quem não sabe o que fazer.

O vento moleque não quer parar de brincar. Encontra outra coisa para fazer.

- Vou ecoar os sons! E arrasta gemidos pela praia. Gemidos que viram uivos, uivos que gritos, gritos que viram barulho, barulho que vira som estridente.

- Pega ele!
- Se ferrou rapá.

A onda ainda joga as suas franjas na praia. Resfria os corpos quentes, que adormeceram aos seus pés.

- ReVitor

[Esse conto, foi escrito por ReVitor, alguém que tenho muito apreço e uma mente brilhante para a sabedoria de letras]

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