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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sentimento cotidiano

              A imparcialidade dos sentimentos que nos encontram, é da mais sugestiva e vã passagem de nossa existência, um dia talvez quando me der conta que amei de verdade, perceberei o brilho majestoso do dia, permitindo a mim, conhecer o real sentido do viver. Se obtivéssemos o amor e o carinho nas prateleiras de um supermercado, tornaria o mundo mais belo, destoaria os poemas de sofrimento e dor, e embutiria em toda a humanidade o sorriso radiante de um apaixonado.
                Só o sentimento fiel conhece os teus, e sei que de tudo nessa vida não passa de um jogo de possibilidades, seja para o bem ou o mal, se escolhes para todo o sempre o perfeito ser que permanecerá próximo a ti com todas tuas bizarrices e maneiras, pode ser que fique sozinho no balanço vendo os demais se borrarem de sorrisos longe dos moldes televisivos e midiáticos que fazem com que sonhemos com princesas e príncipes.
                Há coisas que não importam, há tantas delas, o dinheiro por exemplo, é um adorno a tua vida, podes conseguir muitas coisas, mas saiba que das mais preciosas, e mais valorizadas pelo teu coração, sequer o dinheiro apareceu. Quem sabe com o avanço da administração e da tecnologia, vendam beijos em compotas, e também o afeto de quem o sussurra para que durma protegido.
                Um leque gigante de escolhas obtemos a cada momento, sermos belos, soberbos, promíscuos, irrelevantes, brilhantes! Uau! Podemos ser quem queremos ser. Um garoto corteja a garota, mas nem sempre é correspondido, e mesmo assim não desiste, porque muitas das vezes, cativar é deixar de ser o mesmo, de comparações e de fúteis interesses, cativar é olhar fundo e sorrir mesmo que os defeitos se tornem visíveis, cativar é tornar as diferenças em degraus para encontrar o amor.
                Um dia pode pensar que nada teve em toda sua vida, que os dias se passaram, casou-se, e foi humilde pela vida toda, mas talvez nesse momento que pensares, surja um lampejo em frações de segundos e discernirá que teve a vida mais bela que poderia ter tido. Uma família, um amor, ou mesmo estar sozinho, amar os outros nem sempre é motivo para tocar ou dizer palavras gentis, amar os demais é deixar parte de teu sentimento nos outros sem aguardar acender tua chama e exibir para os demais que fizera tua parte.
                Quem és tu que ainda não abdicou de teu próprio espelho para observar que outras pessoas estão próximas a ti? Ah pobre, não sabes que a existência não passa de um sopro na terra, e ainda mais que a vida nada vale de nada se não tens o amor.

- Marcos Leite


domingo, 21 de julho de 2013

Intenções vãs

Preservamos nossas intenções
Em expectativa de sermos aceitos
Discutindo em nossos próprios pensamentos
A distância do outro que as recebem

Há nuvens que não se empalidecem
Se esgueiram no céu, e as gotas caem sem pestanejar
Há corações que nunca amolecem,
Mesmo que na velhice, o orgulho tende a reinar.

Sei que tudo na vida passa,
As memorias são parte da sua existência,
Uma vida sem lembranças,
É uma vida vazia e escura.

E quando as sombras das solidão pairarem sobre ti
Recordarás as intenções e gentilezas do passado
Talvez encontre os lábios úmidos por lágrimas
Quem sabe, um sorriso irônico e soberbo.

- Marcos Leite


terça-feira, 9 de julho de 2013

Celofanados


              O vivente permite que a vida lhe seja adestrada, memórias sem cor, vidas em tons amarelados, há circunstâncias que fazem o homem ter pena de si próprio, perfídia auto comprometedora, um desfalque de teus valores, a derrota do intelecto, haveria adjetivos que edificariam um inóspito cérebro, embora, jargões obtivessem êxito e as conjeturas vis adquirissem peso maior na existência inútil.
                Passional é o crime, cristalizando as desculpas, corroboram um enfeite a ser presenteado, há tantos atos maledicentes e palavras podres que os ricocheteiam, pobres, os céus tenham misericórdia, a astúcia e a coragem não lhe foram concedidas, e as maneiras insensatas aos montes. Atreve-se denota-los? Uma infâmia! Ai daqueles que pensam, se um rastro leve de coerência for ouvido, obstruiria um dia normal, talvez sentimentos tristes entorpeceriam os olhos e as lágrimas hipócritas jorrariam em tuas faces.
                Pende uma ânfora sobre tua tez, não vês? É o fado, uma mente questionante, poderiam lhe tratar como uma pequena luz no meio das escuras e espessas trevas da inanição mental. Lindas e cálidas rosas estão próximas a ti, adornaste um chapéu sobre teus olhos?
                Um maníaco prevaricador, claramente complanaria as melhores performances de abafar os meandros latentes das células iluminadas, se o raro caminho a ser seguido pela honestidade fosse estimulado, as paredes da justiça se alargariam em protuberância magistral. Quem és tu? Não podes ocasionar uma guerrilha intelectual, quem poderia controlar a hecatombe coesa de bilhões?
                A cerne cria os silvos mirins, assim como na natureza, milhões e até bilhões são tragados. O contentamento particular e a destreza impecável dos governantes dissimulam o baile dos contentes. Ainda não percebestes teu óbito em vida? Uma boca profere, mas nunca sem a sanidade, após furtada, lhe sobram os escárnios.
                Desfrutar do passado como uma entronização das facetas adquiridas por aqueles que arguiram com força e coragem é o inútil prazer não pertencido aos que se esgueiram nas heras e assoviam até que tudo se corrija. Os questionantes vivem para que os de celofanes continuem com tuas existências infrutuosas na terra.

- Marcos Leite


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O chapéu e a gardênia branca

                  
 
               Chegou de súbito, abstendo seu chapéu do portal e os gravetos, com fivela e fita vermelha, a palha o qual dobrada em um molde angelical, prumava sobre os cabelos castanhos a beleza alva de um sublime adorno. De pés e mão leves, adentrou ao jardim e notou que tinha gatos, um deles deu com a pata e saltitou entre as heras.
                O sol pálido de uma tarde de outono iluminava os caminhos sinuosos, e as vias eram de chão batido, as folhagens esgueiravam entre as arvores e ao longe formavam-se uma bruma. Ouviu então um miado. Aos teus pés, uma gata rajada, tinha olhos azulados, e a feição era carinhosa. Priscila, a seguiu, passou então sobre um coreto de flores e galhos, e havia um espelho, deu de ombros e caminhou.
                Os raios cingiam de amarelo a beleza de teu chapéu e a graça entre teus olhos faziam teus lábios e faces corarem, esteve atônita, mas guardou para si mesma. Trocou as flores de teu chapéu, antes mimosas amarelas, então enfeitou-o com uma gardênia branca, a delicadeza da fita vermelha uniu a garbosa flor ao teu belo seio.
                Suas vestes passavam sorrateiras entre a grama, e percebeu que mais uma gata a seguia, e esta, cinza, sorriu e caminhou, ao ver que a tarde quente para o outono a tinha encontrado, deu-se ao luxo de tomar água em uma fonte de pedras escuras, com uma sílfide em bronze, talvez fosse alguma deusa grega, a água era fresca e leve.
                Piscou duas vezes, e viu que estava andando em círculos, as árvores e as folhagens emitiam a impressão que estivera em um vasto campo, mas ao que percebera, era um labirinto, então voltou alguns passos, e as gatinhas dessa vez brincavam com a calda de teu vestido, as acariciou e sorriu.      
                Ao ultrapassar a última parede de folhas, viu novamente o coreto, e o espelho, então como uma jovenzinha, dançou, falou consigo mesma, e atuou uma trama cômica e bizarra em frente ao belo espelho de guarnição dourada.
                Cansou, viu que estava entre as duas gatinhas, o espelho a refletia, e deu-se conta que o chapéu era o belo marido que cativou, o espelho representava sua vida, pois refletiu sua infância, e seus gostos quando menina, a beleza e a ternura feminina, as gatinhas foi o carinho com seus animais, e teu vestido, então longo, era sua família.

- Marcos Leite



 
 
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