O que o deixava mais inconformado era a maneira que Alice o tratava, seu jeito sisudo não era de se estranhar, o que esperar de uma mulher velha, chata e rabugenta, teve em sua vida toda tudo que quis e sempre foi mimada por seus pais, filhos e marido. Em hipótese alguma se referiu a Joaquim de forma maleável, quiçá simpática.
Com cabelos semelhantes a berinjela, olhos negros e boca fina, Alice, mostrava que era uma bela e cuidada senhora, com jóias e muita crítica em seu pensamento, para Joaquim era mesmo uma língua bifurcada.
O que esperar de uma sogra não é mesmo?
Bem algumas vezes ele pensou seriamente em mirabolar um plano perfeito para tragar a insuportável de vez, mas o amor que sentia por Celina não permitiu, se bem que seria um alívio, inclusive na vizinhança e não seria de todo mal se cometesse esse delito generoso com a sociedade.
Todo o natal, almoços dominicais, nos restaurantes, e aniversários, se comportava com toda sua inconveniência e interesse, a não ser que a mãe de seu genro estivesse a sua espreita, se tornava uma bela e educada senhora, com lábios respaldados e sorriso inconfundível, algumas vezes atuava tão bem que deixava Joaquim com imagem de pessoa afetada.
Anos e anos se passaram, deglutir uma bigorna dessas em sua vida, não deve ter sido fácil para ele, homem alto e inteligente, fazia tudo com maior grado para sua esposa, também tinha pensamentos bem idealizados, empreendedor e cavalheiro, disso e do dinheiro que ele tinha Alice sequer reclamou uma vez em toda sua vida, na verdade, tenhamos a certeza que o gênio dele não batia com o dela e vice e versa.
Mas um dia, um dia brilhante e azul, e abençoado, toca o telefone:
- Joaquim?! Alice, infelizmente ultrapassou a fronteira invisível. Seja cuidadoso em falar com a Celina.
Demorou quatro segundos após encerrar a ligação, Joaquim, deu um sorriso imenso e gritou:
Já vai tarde, berinjelão!
- M. Leite
ahuhau adoro esses seus contos
ResponderExcluirBem feito quem mandou ser tao chata assim concordo já foi tarde berinjelão.
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