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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O tango dos iludidos


Quero encenar um tango, e sua melancolia flutue de meu corpo e pensamentos, inundado no lamento latino, prendo então o garbo de minha meninice, esgotada pela crueldade de minha mente. Quero ouvir o tango, para que entendas então o presente negro que o destino me reservou, que o violino seja o barco entre os rostos sem vida e as luzes vermelhas.
Um punhal, os sonhos podem sumir se não o encaixares entre as vértebras corretas, já que se ilude desta maneira, aconselharia um crime sutil. Fios de nylon, entregue aos corvos e retire uma parcela de proveito, um pouco mais de dinheiro não o fará tão mal assim.
Distancia-se da luz, um vacilo, a ruína.
Mire as estrelas, mas não fitando como um animal admirado pela imensidão delas. És um assassino, ao menos fume um charuto, isso não o tornarás nem melhor, tampouco pior, o peso da imagem é o que conta no mundo, seja para um farsante ou um vigarista. Usas chapéu?
Os passos foram dados, e jazem aqui, os tragados pela ironia do dinheiro, o mundo é um palco, onde o tango é apresentado por todos, queira pelo dinheiro fácil, ou pelas edificações lentas da honestidade. Presto-lhe tal serviço, assumindo a outro uma culpa menos favorável, raramente o faria, mas é meu comparsa.
Tens cigarros sem filtro?

- Marcos Leite


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