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sábado, 22 de março de 2014

Ethel & Anne































                 Entre as ruínas holísticas do império, dado a Adriano uma mancha de ira e iniquidades em tuas decisões, influenciando os trajetos obscuros da humanidade. Na região que milhares de anos depois governara, a raiz dos fenícios, e seus estupendos ídolos de cobre e prata. Sucederam os ídolos em mármore dos gregos objetando outra luz nas esculturas, a delicadeza e precisão. 
         O cenário na Ásia menor perpetua do punir natural, rochas e árvores distantes, os povos partilham desde Roma, regiões, vilarejos e cidades enormes. Em Constança, entre as distância e séculos da região de tal civilização, o Senado determina que a feitiçaria anula a alma do homem para Deus, expondo o corpo licitamente as chamas.
         A educação e o cenário politico municipal difundiam a materialização de uma crença e conduta a ser seguida, onerado pela Igreja dentre as concupiscências vista a bordo de seus fieis, organizando uma cúpula religiosa aliado a sociedade e o Estado.
         Entre as portas escuras e pestilentas, aninhavam duas crianças sujas, próximos ao lixo e peixes apodrecidos, mulheres e homens pobres, a imundice desta região remetia aos portos onde os navios que rumavam da Índia aportavam com novas espécies, feitiços, receitas e humanos diversos.
         Havia duas belas moças, olhos azuis brilhantes, assemelhavam as safiras lapidadas, de seu mais intenso cardo até a esfuziante presença azulada. Lábios rubros ditavam sussurros minuciosos entre elas em uma carruagem com rendas e telas, rumavam para o Sul da cidade, onde as vinhas robustas embelezavam o caminho e permitia que um tom modesto de segurança reinasse nas dependências.
         As casas emolduradas em modéstia ao plano de desenvolvimento entre as ruínas de milhares de anos, compunham a atmosfera hedonista e soberba dos povos antigos, embocavam ainda um desejo voluptuoso entre as vias escuras e os chalés mal iluminados. E em um tugúrio adentraram entre seus véus e sapatos brilhantes, das mais estanhas e repugnantes coisas que arrastavam suas vestes sujas e fedidas a damas de olhares maléficos.
         A queda da economia desencadeara um numero majoritário de assassínios nada peculiares. Perante a fome de seus nativos, ora, por atitude vil de autoridades em busca de apaziguar a condição atual da cidade, vieram do oriente asiático homens e mulheres de condutas distintas, magníficos sábios e adivinhos, o comercio assim como no passado, reinava sobre as coalizões contemporâneas e atraia o crescimento de um novo império, se igualado ao pó após décadas para a futura república.
         Entre os papéis e os registros, difundiram a história de camponeses que colhiam frutas e criavam animais como moeda para câmbio ou negócio, acerca de permanecerem gordos e fartos. Ao longe, onde um vale compunha uma população de agricultores e vendedores, próximos a Constança, estavam três crianças ruivas, brincavam pelo lago e ao entardecer recolhiam para as modestas acomodações, durante sete dias pela noite, enquanto a água fervia em um caldeirão, tocou duas vezes uma espécie de sino, com o decorrer destes acontecimentos, uma delas espiaram no vão da janela e surpreendeu com luzes brilhantes cerca de quinze metros. 
         Após se fartarem de sopa e restos de pão as crianças dormiam, em sonhos pueris somavam fantasias as luzes relatadas pela mais jovem. Como eram os mais pobres dos vilarejo, e ruivos como o fogo, o desprezo era similar a vegetais, sequer eram vistos entre os demais. Com vantagem saíram no oitavo dia após o apagar das velas, sem ruídos mantiveram firmes até encontrarem a grosso modo a terra, aguardaram as luzes descritas pela caçula, mas de nada apareceram, ao caminhar encontraram uma caixa de três compartimentos dobrados, e em cada um deles havia um doce, mostravam entre as mãos de cada um semelhantes a uma bala com um viscoso caldo.
         Mais distante do vilarejo, próximo ao sul da cidade, entre as vinhas encontraram três crianças ruivas degoladas e sem qualquer gota de sangue, diante de farsas populares acreditavam que seres ocultos as tivessem sugado todo o sangue, o temor por vampiros eram irremediavelmente real, por cerca de algumas semanas a dificuldade para encontrar instrumentos prateados tornou-se motivo de irritação entre os cidadãos. 
         Já no outono, onde as temperaturas traziam outra falência social para pessoas que viviam por ali, entre os peixes pútridos, também encontraram duas crianças maltrapidas e degoladas, o mesmo motivo das ruivas, porém em teus anelares, pendiam um anel com safiras, parte brutas, parte brilhantes. O Senado decretou alerta a seres estranhos, e o entusiasmo da população desmembrou um caos.
         Segundo um velho pescador que permitia que vez ou outra uma dessas crianças sujas, pegassem um peixe médio para vender acerca de ter uma refeição ou duas garantidas, relatou que passava entre na ruela quando viu dois cajados que brilhavam no inicio da via, e distantemente conseguiu enxergar que algo valioso pendia próximo ao fogo, e as crianças pulavam cada uma a um cajado para arrancar-lhes a recompensa, deu de ombros e seguiu entre os muros e as guarnições velhas, não vira ninguém, além destes dois jovens mendigos pularem em busca de seu presente.
         O cenário embevecido do horror por vampiros acentuou a busca por feiticeiros e bruxas, justificando a seus aliados que um feitiço poderia protege-los de qualquer ser fantasmagórico ou vil que habitasse na região. Entre os rumores e inúmeros casos de sortilégios feitos, foi determinado em carta pública que aquele que se aventurasse com magia ou qualquer um dos participantes teria o fim mais sensato entre os homens.

         “Quaisquer atos ou revelações quanto a feitiçaria corrompendo assim as normas de Deus terão como castigo a fogueira ou o enforcamento. As denúncias devem ser identificadas e a polarização do assunto torna-se conveniente ao clero e o Estado. 
      Feitiçaria, magias e bruxarias das mais diversas, entre a adivinhação e a promulgação de resultados serão tratados como crimes a Deus e com anulação das almas, não cabe menos que tornar as regras divinas reais, distanciando esses corpos enfeitiçados perante os demais”.

         Entre o outono e o inverno cerca de mil pessoas foram enforcadas e queimadas, e embora a assiduidade merecesse méritos a tal crueldade dos governantes e da igreja, o número de crianças mortas diminuíram para exatamente zero.
         Uma carruagem apontou pela ladeira e desceram duas jovens e belíssimas moças na praça, assentaram em um dos bancos e olhavam diante de seus chapéus bordados, os homens e mulheres que passavam e trabalhavam. Tinham dinheiro e espalharam certa quantia entre os mendigos e crianças sujas.
         A excentricidade do olhar e a maneira como Ethel e Anne caminhavam trazia aos arredores certa cobiça e intenções masculinas, elas os desprezavam e entre algumas semanas coincidentemente nos mesmos horários as jovens passeavam pela praça e entregavam a algumas crianças balas.
         Entre a quantidade de especulações sobre as possíveis mortes, fios avermelhados estavam no corte no pescoço de cada uma das cinco crianças, as mulheres ruivas de cabelos compridos tinham sido quase todas queimadas por desconfiança, o que era difundido pelo clero, as ruivas e ruivos mantinham pacto com o demônio e sua vida era uma forma de atrair pessoas para o inferno.
         De forma peculiar os ruivos começaram a tingir o cabelo com especiarias trazidas da Índia, e por um certo momento o número de mortes diminuiu, em um cadastro feito por civis, a exterminação de tal raça pestilenta havia sido concluída. 
         Entre as manhãs gélidas do inverno, montes e o relevos permaneciam alvos com a neve e o comercio mantinha sua atuação com inferioridade quanto o verão e a primavera. O pavor já havia sido expurgado pela população e por alguns dias a paz reinou na cidade e nos vilarejos. A intenção do governo perante a santidade da doutrina espiritual unidas, estavam em concordância, as celebrações nas catedrais nunca estiveram tão cheias e o número de pessoas obrigadas a irem por bons costumes e medo de repreensões tornou tão grande que outras igrejas estavam sendo construídas.

                                                               ~¢~

         As investigações quanto o ato de feitiçaria e comunhão com a magia negra das jovens, Ethel e Anne, estavam em processos finais a provarem que as duas eram bruxas ruivas disfarçadas em trajes e trejeitos de damas. Ao cair da noite de assalto civis e integrantes da igreja entraram no tugúrio imundo onde as duas viviam.
         As suspeitas iniciaram no momento parte dos moradores notaram que as jovens e ricas damas viviam estranhamente como mendigas que encontraram um chalé abandonado e havia comida e velas. A dúvida partiu quando um desses as viram na praça doando parte de seu dinheiro para as crianças.
         As autoridades de nada encontraram além uma mobília medíocre e dois cajados, entre os depoimentos recebidos no vilarejo e do velho pescador deliberavam a culpa das bruxas. Porém, as belíssimas jovens não estavam a vista de qualquer que seja. 
         Na noite seguinte mais duas crianças de cabelos avermelhados estavam afogadas no em um lago, tão pálidas e rígidas que eram visíveis que cada gota de sangue tinham sido extraídas. E em suas mãos sujas de açúcar e cacau creditaram mais dois crimes a Ethel e Anne. Segundo uma adivinha presa nas dependências da maior catedral de Constança, usada para perguntas e breves anunciações em curiosidade dos predominantes dali. Dissera que as jovens bruxas ruivas matam crianças e colhem todo o sangue para banhos intermináveis, assegurando a beleza daquela alma somada a sua, mesmo que tivessem noventa anos, a imagem e a saúde permaneceria dos anos áureos da vida e havia um certo número de rituais a serem seguidos.
         Sete banhos e setes crianças eram necessários para que a vida se estendesse por cerca de trezentos a quatrocentos anos, porém, a alma das crianças em números somadas as das feiticeiras era incerto, se viveriam mais ou menos que este número de anos, então, era fato de que as bruxas repetiriam tais atos no período de cem em cem anos. 
          A adivinha foi esbofeteada pelo sacerdote e cuspiram-lhe nas faces, após decretarem uma caçada as duas, obtiveram êxito. Numa choupana longe, cerca de vinte léguas de Constança, Ethel e Anne foram encontradas e trazidas para serem enforcadas em praça pública, e a cerimônia agruparia quase toda a população.
         Em mais uma consulta a adivinha, o sacerdote soube que o enforcamento de bruxas fenícias poderia trazer danos ao algoz, como sua alma ser perseguida assegurando que a mesma não encontre a luz. Então ela aconselhou para que as morte das duas fossem com um capuz negro e túnicas, assim garantindo que qualquer gota de sangue, fio de cabelo ou grito pudesse fugir do seu fim. Sorriu macabramente e encarou o sacerdote de postura austera e maligna, se podia ver o medo brilhando em suas íris. Com risos maléficos a adivinha teve um momento de euforia quando a deixaram sozinha.
         A anunciação em decreto já havia sido feita e enviada para as ruas, que na data de hoje ao anoitecer, antes do arrebol se esvaecer, Ethel e Anne seriam enforcadas em a vista de todos. A notícia dissimulou e trouxe para a praça central quase todos que viviam nas redondezas.
         O ar imundo e as zombarias iniciaram, e a crueldade das pessoas eram perceptíveis devido a grande movimentação e ira. No momento que foram estranguladas pelas cordas, os ulos e berros permaneceram por minutos. E na podridão da prisão a adivinha escarnecia com grande altivez. 
         Vira em uma poça d’água a carruagem que cruzava o norte da região e duas jovens em com rendas e bordados aprumava no estofado, sorriam e seus olhares perversos triunfavam pelos arredores, vira ainda que os corpos que pendiam eram de duas jovens de rostos macilentos e alvos, e em seus cabelos a proporção de tinta vinda da Índia era ridiculamente denunciada.
         No fim das cerimônias populares, foram enterradas os corpos brancos e de cabelos sujos de tinta num grande e fundo poço. Com grande alvenaria para cobrir qualquer possibilidade, de que as até então dadas como bruxas fenícias, fugissem ou assumissem vida novamente.
         A aparência de horror dos rostos de ambas e a quantidade da viscosidade avermelhada foram tratados como a essência do sangue das jovens crianças assassinadas, uma vez limpos os cabelos tornaram castanhos novamente, foram ministradas missas por cerca de quinze anos em regozijo, de que as almas das crianças foram salvas, convencidos de que a textura do sangue partiram do corpo e cabelos das bruxas para sempre, assegurando assim a paz e a misericórdia divina as jovens almas.

                                                      - Marcos Leite


 
 
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